Os ministros das Relações Exteriores da China e do Japão, Wang Yi e Fumio Kishida, respectivamente, expressaram neste sábado forte vontade em reduzir as tensões e melhorar as relações bilaterais entre Tóquio e Pequim. Contudo, ao término do raro e esperado encontro entre os dois chanceleres em Pequim, Wang pediu ações concretas a seu colega japonês para poder restaurar os laços, sugerindo ainda que o atual governo japonês “deva cessar com as insinuações de que a China é uma ameaça”.
Os dois chanceleres mantiveram um encontro na residência para líderes estrangeiros de Diaoyutai em Pequim na manhã deste sábado, na primeira visita de um ministro das Relações Exteriores japonês à China em quatro anos e meio, segundo um comunicado da Chancelaria chinesa.
China, segunda maior economia do mundo, e Japão, a terceira potência econômica mundial, têm uma história política difícil, com laços tensos envolvendo conflitos históricos, principalmente pelas ações do exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial e pelas reivindicações conflitantes sobre um grupo de ilhotas desabitadas no Mar da China Oriental, ou seja, as chamadas ilhas Senkaku, atualmente sob a administração japonesa, cujos chineses reivindicam a soberania dessa ilhas, denominadas Diaoyu por Pequim.
Na reunião em Pequim, Wang pediu ações concretas a seu colega japonês para poder restaurar os laços.
“Vimos que o Japão expressou em repetidas ocasiões seu desejo de melhorar a relação bilateral. Como diz um provérbio chinês, devemos julgar não só com base no que as pessoas dizem, mas também no que fazem”, destacou o chanceler chinês.
Nesse contexto, Wang avaliou que o Japão tinha se oferecido para dar “o primeiro passo” para restaurar as relações, depois que Kishida disse no Japão, antes de partir para a China, que queria dar o primeiro passo “para construir uma relação Japão-China apropriada aos novos tempos”, segundo a imprensa japonesa.
Espera-se que o chanceler japonês também se reúna hoje com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e que tente assentar o caminho para um encontro entre o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
Segundo o comunicado do Ministério das Relações Exteriores chinês, que não inclui declarações do chanceler japonês, Wang expressou a vontade de seu país de manter uma relação de cooperação e não de confronto, apesar de ter deixado claro que para isso é necessário “reconhecer a história”.
Os veículos de imprensa chineses lembram que as últimas ações do Japão estão muito distantes dessas “mensagens positivas” sobre a melhoria nas relações.
Os meios chineses destacaram, entre outros, o fato de o Japão ter enviado 12 embarcações para patrulhar uma área próxima das ilhas Diaoyu/Senkaku no início de abril, depois da entrada em vigor de um pacote legislativo que outorga maiores competências às Forças de Autodefesa (exército) japonesas.
A reforma, que segundo o Executivo japonês fortalece a aliança de Tóquio com Washington, já que permitirá que ambos “possam se ajudar mutuamente em caso de emergência”, é vista por seus críticos, entre eles a China, como uma forma de acabar com o pacifismo defendido pela Constituição japonesa.
Além disso, a imprensa chinesa lembrou as oferendas recentes de políticos japoneses, e inclusive do primeiro-ministro, ao santuário de Yasukuni, em Tóquio, que é ligado ao passado militarista do país e cujo simbolismo é alvo de fortes críticas de países como Coreia do Sul e China.
(Com informações das Agências Reuters e EFE)
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