O dólar fechou em forte alta frente ao real nesta quarta-feira (30), encerrando assim o ano de 2015 com valorização acumulada de quase 49% sobre o real. Segundo a agência ‘Valor Online’, o último pregão do ano foi marcado pela disputa do fechamento da Ptax, taxa que será utilizada para a liquidação dos contratos de derivativos cambiais que vencem no fim do mês e na contabilidade dos balanços das empresas no quarto trimestre.
A moeda norte-americana subiu 1,83%, cotada a R$ 3,948 para venda. Com isso, encerrou dezembro com valorização de 1,58%. Em 2015, a moeda subiu 48,49% sobre o real, o maior avanço anual em 13 anos. Em 2002, o dólar subiu pouco mais de 50% em relação ao real. Segundo a agência ‘Reuters’, o dólar completa o quinto ano consecutivo de alta frente à moeda brasileira e acumula ganho de 137,47% desde o fim de 2010.
O mercado interno tem reagido com força às incertezas políticas e fiscais no país, temendo que a presidente Dilma Rousseff volte atrás e afrouxe o compromisso com o ajuste fiscal diante da pressão de seu impeachment no Legislativo. Essa percepção foi fortalecida recentemente pela substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda.
O real é a segunda moeda que mais caiu neste ano, só perdendo para o peso argentino. “O real começa o ano devendo, tivemos uma série de notícias negativas, como o déficit primário maior da série histórica, e a moeda brasileira acabou apreciando na segunda-feira por conta de fluxo positivo de recursos”, afirmou Solange Srour, economista-chefe da Arx Investimentos, ao ‘Valor Online’.
O mercado se ajusta à piora da perspectiva para o quadro fiscal e ao movimento de correção das moedas emergentes, que operavam em queda frente ao dólar, impactadas pelo recuo do preço do petróleo no mercado internacional, que acabou influenciado as demais commodities.
O Tesouro anunciou nesta quarta-feira que o governo pagará R$ 72,4 bilhões referente às chamadas “pedaladas fiscais” aos bancos públicos (Caixa, BB e BNDES), além do FGTS, sendo R$ 55,6 bilhões referentes ao estoque de operações de anos anterior.
O secretário interino do Tesouro, Otávio Ladeira, disse que a expectativa do governo é que dezembro registre superávit primário de forma que o déficit fiscal encerre o ano nos R$ 51,8 bilhões previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015.
A desvalorização do dólar no ano só não foi maior por conta das atuações do Banco Central. A autoridade monetária renovou hoje mais US$ 1,4 bilhão por meio de leilões de linha de dólar com compromisso de recompra. Só neste ano, o BC realizou uma venda líquida de US$ 1,775 bilhão referente aos leilões de linha.
O BC também tem renovado os contratos de swap cambial que estão vencendo. Em dezembro, a autoridade monetária renovou 94,76% do lote de US$ 10,694 bilhões nesses instrumentos cambiais que vence em janeiro de 2016. Com isso, o BC encerra o ano com um estoque próximo a US$ 108 bilhões nesses derivativos, o equivalente a 29,28% do total de US$ 368,872 bilhões nas reservas internacionais.
A alta do dólar neste ano, no entanto, levou a autoridade monetária a acumular um prejuízo contábil de R$ 102,37 bilhões, até o dia 24 de dezembro, referente à posição em swaps cambiais, que resultou em perdas com a alta da moeda americana.
O BC tem atuado para prover hedge e liquidez aos agentes de mercado. A autoridade monetária informou hoje que o fluxo cambial foi positivo em US$ 436 milhões na semana passada, encerrada no dia 24, resultado de uma entrada líquida de US$ 3,107 bilhões na conta comercial e de uma saída líquida de US$ 2,427 bilhões na conta financeira.
No mês, o saldo está positivo em US$ 810 milhões e em US$ 12,370 bilhões no ano, comparado com déficit de US$ 3,851 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Fontes: Agência Valor Online | Agência Reuters.
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