A arte do jardim japonês: princípios e técnicas estéticas

Os jardins japoneses são cuidadosamente projetados e pacientemente podados de acordo com princípios estéticos para criar uma obra de arte natural que inspire paz, renovação, equilíbrio e descoberta interior.
Jardim japonês tradicional | ©Depositphotos

Os belíssimos jardins no Japão foram originalmente influenciados pelos chineses, mas, ao longo de milênios, os japoneses desenvolveram um estilo próprio e características únicas. Com isso, os jardins japoneses tornaram-se famosos mundialmente pelo design meticuloso e esmera atenção aos detalhes, destacando a harmonia dos espaços e a delicadeza de cada elemento, desde as plantas às lanternas de pedra, refletindo a beleza e a simplicidade da natureza.

A importância dos jardins na cultura japonesa não pode ser exagerada, uma vez que eles são vistos como um local de refúgio e contemplação, onde é possível fugir do caos do cotidiano para encontrar a paz e a serenidade.

Os jardins japoneses também estão profundamente enraizados na espiritualidade, com muitos elementos e características de significados simbólicos. Desde a colocação de flores, plantas e árvores até a interação com as portas de correr, cada design possui uma engenhosidade maravilhosa. Eles são frequentemente encontrados em templos, santuários e residências privadas, servindo como locais de meditação e reflexão.

Os cinco elementos de um jardim japonês: água, pedra, plantas, pontes e lanternas

A água é um dos elementos mais importantes no design do jardim japonês. Esse elemento simboliza pureza e vida, sendo frequentemente representado por um lago ou riacho. Recursos hídricos, como cachoeiras ou fontes, também são comumente encontrados nos jardins japoneses. As pedras também são elementos essenciais, simbolizando estabilidade e força. Elas são cuidadosamente colocados para criar uma sensação de equilíbrio e harmonia no jardim.

Por sua vez, as plantas desempenham um papel crucial nos jardins japoneses, com ênfase na criação de uma paisagem naturalista e harmoniosa. Árvores, arbustos e flores são cuidadosamente selecionados e dispostos para criar uma sensação de equilíbrio e tranquilidade.

As pontes são frequentemente utilizadas para ligar diferentes áreas do jardim, simbolizando a viagem de um estado de espírito para outro. As lanternas são outra característica comum nos jardins japoneses, representando iluminação e orientação espiritual.

Localizado em Takamatsu, o Ritsurin Garden é um dos jardins tradicionais mais famosos do Japão | ©Depositphotos
Localizado em Takamatsu, o Ritsurin Garden é um dos jardins tradicionais mais famosos do Japão | ©Depositphotos
O papel do espaço e do equilíbrio no design de jardins japoneses

O espaço é um elemento essencial nos jardins japoneses. O conceito de “ma”, ou espaço negativo, é altamente valorizado na cultura japonesa. Refere-se aos espaços vazios entre os objetos, que são tão importantes quanto os próprios objetos. Estes espaços vazios criam uma sensação de abertura e tranquilidade, permitindo ao observador apreciar a beleza do jardim.

O equilíbrio é outro princípio fundamental que é conseguido através da colocação cuidadosa dos elementos e características para criar uma sensação de harmonia e equilíbrio. O uso da assimetria também é comum em jardins japoneses, pois confere uma sensação de naturalidade e espontaneidade ao design.

A importância do simbolismo e do significado na arte do jardim japonês

O simbolismo e o significado desempenham um papel importante na arte japonesa de jardins. Muitos elementos e características dos jardins no Japão têm significados simbólicos que refletem as crenças budistas ou xintoístas. Por exemplo, uma lanterna de pedra pode representar a iluminação, enquanto uma cerca de bambu pode representar proteção.

As características da água, como lagoas ou riachos, geralmente representam o oceano ou um rio, simbolizando o fluxo da vida e a passagem do tempo. As pontes são vistas como uma metáfora para a passagem de um estado de espírito para outro, enquanto os arranjos de pedras podem representar montanhas ou ilhas.

A arte de podar e modelar árvores e arbustos no design de jardins japoneses

Podar e modelar árvores e arbustos é uma parte essencial do design de jardins japoneses. É feito com muito cuidado e precisão para criar uma sensação de equilíbrio e harmonia. As técnicas utilizadas na poda e modelagem, como niwaki e bonsai, foram refinadas ao longo dos séculos.

Niwaki é a arte de podar e modelar árvores de forma naturalista e artística. Envolve selecionar e remover cuidadosamente galhos para criar a forma ou formato desejado. O bonsai, por outro lado, é a arte de cultivar árvores em miniatura em recipientes. Requer cuidado meticuloso e atenção aos detalhes, pois as árvores são treinadas para crescer em uma forma ou estilo específico.

A filosofia Zen da arte japonesa em jardins: Simplicidade e Tranquilidade

A filosofia Zen está profundamente enraizada no design de jardins japoneses. Ele enfatiza a simplicidade, a tranquilidade e a atenção plena. Os jardins Zen, também conhecidos como karesansui ou jardins paisagísticos secos, são um excelente exemplo desta filosofia.

O Jardim Zen do Templo de Kozenji, em Kiso, na província de Nagano, é maior jardim deste tipo na Asia | ©Depositphotos
O Jardim Zen do Templo de Kozenji, em Kiso, na província de Nagano, é maior jardim deste tipo na Asia | ©Depositphotos

Nos jardins Zen, a simplicidade é alcançada através do uso de elementos minimalistas como pedras, cascalho e areia. Esses elementos são cuidadosamente organizados para criar padrões que representam paisagens naturais como montanhas ou rios. A falta de plantas ou recursos hídricos nos jardins Zen permite que o espectador se concentre na essência do jardim e encontre paz e tranquilidade interior.

O papel da sazonalidade e do clima no paisagismo de jardins japoneses

A sazonalidade e o clima são considerações importantes no projeto dos jardins japoneses, uma vez que também são projetados para refletir as mudanças das estações e a beleza da natureza ao longo do ano.

Um grande exemplo está nas flores de cerejeira (sakura), que são altamente valorizadas na cultura japonesa e frequentemente incorporadas em projetos de jardins. Elas simbolizam a natureza transitória da vida e a beleza da impermanência. Outras plantas sazonais, como bordo e azáleas, também são comumente usadas para criar uma sensação de sazonalidade nos jardins japoneses.

O clima também é levado em consideração no paisagismo de jardins japoneses, tais como sinos de vento ou cercas de bambu, que podem ser usados para criar uma sensação de movimento ou para bloquear ventos fortes. Paisagens cobertas de neve ou jardins de chuva também podem ser criados para refletir as mudanças nos padrões climáticos.

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Fotos: Depositphotos

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