Atualizado em 05/03/2023
O Hanami Matsuri, que significa “Festival de contemplação das flores”, é um dos mais belos festivais do Japão e ocorre por todo o país durante toda a primavera. Comumente, a época de apreciação, principalmente a flor de cerejeira (sakura), ocorre entre os meses de março e maio, embora outras regiões o festeje em janeiro, fevereiro e junho, devido à época de florada das árvores que varia de acordo com cada região.
Na primavera japonesa, diversas espécies de cerejeiras florescem em todo o país, onde são apreciadas tanto por japoneses como por estrangeiros, inclusive, essa estação é a que mais atrai o turismo ao Japão, onde visitantes do mundo inteiro estão em todas as regiões japonesas exclusivamente para contemplar essa flor efêmera, cuja floração acontece uma única vez a cada ano.
Apesar de outras árvores florescerem na estação primaveril, como as lindas flores da árvore de ameixeira (umê), o foco principal é a cerejeira, árvore símbolo da primavera japonesa.
Várias atividades são realizadas em torno desta árvore durante a primavera, como festivais com músicas e danças. Mas a principal atividade é, com certeza, o tradicional piquenique sob as árvores repletas dessas belas flores. A vida de uma flor de cerejeira é breve, com duração de 5 a 7 dias no máximo.
Diz-se que a origem do Hanami remonta há mais de mil anos, quando os nobres aproveitavam a época para apreciar e escrever poemas sobre a flor de cerejeira. Com o passar do tempo, no entanto, a tradição criou outros hábitos e começou a ser praticada por todas as famílias japonesas durante o Equinócio da Primavera no Japão (Shunbun no Hi).
A prática do Hanami então tornou-se quase que um rito para todos os japoneses na época atual. Mediante isso, é comum ocorrer superlotação em jardins, parques, templos e tantos outros locais onde essas belas flores florescem. Muitos têm dificuldade em encontrar lugares para realizar o tradicional piquenique do Hanami.
Alguns parques aceitam até reservas, que muitas vezes são feitas com bastante antecedência. Muitos madrugam para chegar cedo aos parques e assim garantir um lugar decente para reunir a família e os amigos – a época em que as cerejeiras florescem é muito especial para o povo japonês.
No Japão, existem mais de 100 espécies de cerejeiras. Elas variam de acordo com as cores, as folhas, o tempo de floração e a formação da árvore. Assim, como existem cerejeiras de várias espécies, o mesmo ocorre para o real significado do Hanami, que varia de acordo com cada pessoa. O mais poético é o simbolismo da flor em razão de sua efemeridade: “Tudo que é bom dura pouco”, diz o ditado.
A maioria dos japoneses prefere preparar com antecedência grandes porções de “Obentô”, ou simplesmente bentô, como é mais conhecido popularmente e que se refere a uma marmita de refeição única dentro de um potinho ou separada em diversos tamanhos de embalagens práticas.
O bentô tradicional da culinária japonesa contém arroz, peixe e/ou carne, e um ou mais tipos de conservas, além de legumes cozidos e frutas. Geralmente é usado um recipiente em forma de caixa onde todas as embalagens são acondicionadas.
Embora o bentô seja mais tradicional, alguns preferem preparar o Yakiniku (churrasco japonês). Eles também levam suas bebidas preferidas como o tradicionalíssimo chá, além de bebidas alcoólicas, como saquê e até cerveja.
Tradição do Hanami
Diz-se que a tradição do Hanami começou durante o Período Nara, quando a China ainda influenciava o Japão em muitos aspectos.
No período Heian (794-1191), os japoneses também tinham o costume de apreciar as flores da árvore de ameixeira juntamente com as flores de cerejeira.
Simbologia
A contemplação da flor de cerejeira também remete um simbolismo religioso. Em tempos antigos, era comum acreditarem na existência dos deuses dentro das árvores. Muitos faziam oferendas aos pés da cerejeira para pedir sorte e boas colheitas, embora alguns japoneses, os mais tradicionais, ainda cultuem este costume.
Em tempos idos, a cerejeira também era considerada símbolo do amor. As moças enfeitavam os cabelos com um galho ou flor de cerejeira e decoravam o jardim de suas casas com as flores para mostrar que estavam em busca de um amor.
Se originalmente a contemplação das flores era destinada somente à elite da corte imperial, com o passar dos anos essa prática se estendeu a artistas, poetas e músicos, que contemplavam a maravilhosa floração da cerejeira em busca de inspiração para suas artes. Com isso, a flor também ganhou um significado poético e filosofal.
Uma infinidade de pinturas, artesanatos, poemas entre outras artes, foi criada sob as cerejeiras ao longo dos séculos, retratando, elogiando e amando a delicada flor de vida tão curta.
Rivalidade entre a Cerejeira e a Ameixeira
Certo dia, Kinto Fujiwara, grande Conselheiro de Estado, e o ministro de Uji, discutiam sobre qual era a mais bela das flores da primavera e do outono.
“A cerejeira está realmente entre as mais belas flores da primavera, o crisântemo, entre as do outono”, disse o ministro.
Então Kinto retrucou: “Como a cerejeira pode ser a mais bela? Você esqueceu a ameixeira”.
A discussão se concentrou somente entre a cerejeira e a ameixeira, sendo preteridas todas as demais flores. Por fim, Kinto, não querendo ofender o ministro, deixou de insistir na questão e apenas disse: “Tudo bem e que assim seja”, e acrescentou, “A cerejeira pode ser a mais bela das duas, mas uma vez que tenha visto as flores da ameixeira vermelha numa manhã ainda branca de neve da primavera, você jamais esquecerá sua beleza”.
A suprema glória floral do Japão tem lugar em abril, quando chega a florada das cerejeiras e, como descrito na discussão acima, a cerejeira (sakura) e a ameixeira (umê), entre todas, são as árvores mais queridas pelos japoneses.
E conforme descreveu o poeta Motoori:
“Se alguém perguntar a você a respeito do coração de um verdadeiro japonês, apenas aponte para uma cerejeira florida brilhando sob o sol da primavera.”
Por Maria Rosa
Principais fontes de pesquisa
• Livro: Japão – Dicionário, Cultura e Civilização;
• Livro: Myths and Legends of Japan;
• Site: Embaixada do Japão no Brasil.
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