Santuário Meiji e sua floresta em homenagem ao Imperador Meiji

Localizado no coração de Tóquio, o santuário abriga centros culturais e áreas de lazer, incluindo uma floresta com 170 mil árvores e o famoso Parque Yoyogi.

Conhecido no ocidente como Santuário Meiji, o Meiji Jingu (明治神宮) está localizado no distrito de Shibuya, em Tóquio. Trata-se de um templo xintoísta, um dos mais importantes do Japão em razão de ser dedicado às “almas divinas” do Imperador Meiji e de sua consorte, a Imperatriz Shoken.

Em 1912, após a morte do Imperador Meiji, a Dieta do Japão aprovou uma resolução para comemorar o papel do governante na Restauração Meiji. Um jardim em uma área de Tóquio, onde o Imperador Meiji e a Imperatriz Shoken frequentavam, foi escolhido como o local da edificação.

Meiji Jingu (Foto: Creative Commons)
Meiji Jingu (Foto: Creative Commons)

 

Construção do templo
A construção começou em 1915 sob o comando de Ito Chuta. O templo foi construído no estilo tradicional “Nagare-zukuri” e é constituído, principalmente, por cipreste japonês e cobre. Em 1920, o templo foi formalmente dedicado ao casal de imperadores.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os edifícios originais do santuário (exceto Shukueisha e Minami-Shinmon) foram incendiados devido a um ataque aéreo. Em 1958, foram construídos novos edifícios: Honden, Noritoden, Naihaiden, Gehaiden, Shinko, Shinsenjo, entre outros.

Floresta Meij Jingu
Após a morte do Imperador Meiji, em 1912, e da Imperatriz Shoken, em 1914, foram doadas 100 mil árvores de todo o Japão e de outros países para criar uma floresta onde pudessem comemorar as virtudes do casal e venerá-lo para sempre. A arborização de toda a área, que tem 700.000 m², foi oficialmente concluída em 1926. Atualmente, a floresta abriga cerca de 170 mil árvores de 365 espécies e é vista por muitos como a mais importante área de recreação ao ar livre no centro de Tóquio.

Torii do Meiji Jingu
Meiji Jingu possui várias entradas, mas há uma que se destaca por possuir um enorme torii, que é uma espécie de portão em formato de arco de madeira, ligado à tradição xintoísta e sinaliza a entrada ou proximidade de um santuário. Considerado sagrado, o torii é composto de dois pilares verticais, unidos no topo por uma trave horizontal (kasagi), geralmente mais larga que a distância entre os postes. Todos os templos xintoístas são denominados de Jingu ou Jinja pelos japoneses, portanto, Meiji Jingu significa literalmente “Templo Xintoísta de Meiji”.

Grande Toori do Santuário Meiji (Foto: Creative Commons)
Grande Toori do Santuário Meiji (Foto: Creative Commons)

 

As duas áreas principais
1. Naien
O Naien é o recinto interior, que é centrado nas construções do templo. Nela está localizado o Museu de Tesouros Meiji (construído no estilo Azekura-zukuri), onde está guardado a maioria dos pertences valiosos do Imperador e da Imperatriz.

2. Gaien
O Gaien é o recinto exterior, que inclui a “Galeria Memorial de Fotos Meiji”. O prédio abriga uma coleção de 80 grandes murais ilustrativos de eventos históricos sobre a vida do casal de Imperadores da Era Meiji. Além da galeria, há também uma variedade de instalações esportivas, incluindo o Estádio Olímpico de Tóquio e o Hall Memorial Meiji, sendo o último originalmente usado para reuniões do governo, incluindo uma importante cúpula envolvendo as discussões sobre a formulação da Constituição Meiji no final do século XIX – hoje ele é usado para casamentos xintoístas.

O lugar conta ainda com o Instituto de Pesquisa Meiji Jingu, localizado no interior da extensa floresta. Este dedica-se à pesquisa, transmissão e realização de virtudes do Imperador Meiji e da Imperatriz Shoken.

Áreas populares
A área arborizada abriga ainda pelo menos mais dois lugares culturais e de lazer. Um deles é a área de Harajuku e Omotesando, lugar mais “descolado” e menos tradicional. O outro é o famoso Parque Yoyogi, o mais popular da capital japonesa. Em razão de possuir gramados extensos, lagos e áreas arborizadas, o parque atrai diariamente um grande número de visitantes, a maioria em busca de lazer ao ar livre ou simplesmente com intuito de relaxar em meio à natureza. Além disso, o parque é comumente palco de vários eventos, incluindo a contemplação das flores de cerejeira na primavera, época em que o local atinge seu pico de visitação, recebendo centenas de milhares de visitantes locais e de turistas de todo o mundo.

Parque Yoyogi (Foto: Creative Commons)
Lago principal do Parque Yoyogi (Foto: Creative Commons)

 

Floração de cerejeiras no Parque Yoyogi (Foto: Creative Commons Asia)
Visitantes no Parque Yoyogi contemplando a floração de cerejeiras (Foto: Creative Commons Asia)

 

Imperador Meiji e Imperatriz Shoken
Imperador Meiji em veste militar (Foto: Kyodo/Museu da Casa Imperial)O Príncipe Mutsuhito (1852-1912), com apenas 14 anos, ascendeu ao trono no dia 3 de fevereiro de 1867 sob o título “Meiji Tenno”. Em setembro de 1868, a era foi mudada para Era Meiji (Governo Iluminado).

Em 2 de setembro de 1867, Meiji casou-se com a Senhora Masako, que mais tarde foi rebatizada com o nome Haruko (1849-1914), terceira filha do Senhor Ichijo Tadaka, que tinha sido ministro (sadaijin). A imperatriz Haruko recebeu postumamente o nome de Imperatriz Shoken e foi a primeira consorte Imperial a receber o título de kogo (literalmente “a esposa do Imperador”, traduzido como princesa consorte).

Embora tenha sido a primeira imperatriz japonesa a ter um papel público, ela não conseguiu gerar descendência. No entanto, o imperador Meiji teve quinze filhos de cinco “Damas de Companhia”, mas apenas cinco, receberam status de príncipes: um príncipe da Senhora Naruko (1855-1943), filha do Senhor Yanagiwara Mitsunaru, e quatro princesas da senhora Sachiko (1867-1947), filha mais velha do Conde Sono Motosachi.

Era Meiji
Durante o governo Meiji, o regime feudal e o xogunato foram abolidos no país. A capital foi mudada de Kyoto (Quioto) para Edo, que, desde 1603, era a capital administrativa do país e uma das principais cidades do mundo, com mais de um milhão de habitantes na época.  Em 1868, Edo passou a se chamar Tóquio e, depois, em 1889, estabeleceu-se a Cidade de Tóquio, época em que foi adotada uma nova Constituição Japonesa.

No plano externo, foram travadas a Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) e a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905). Como governante, Meiji talvez possa ser considerado o maior responsável pela atual supremacia japonesa na bacia do Pacífico. Já no final do século XIX, Meiji conseguiu discernir com clareza os interesses das diferentes potências ocidentais (França, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha), todas interessadas na exploração do território japonês, não apenas como um mero consumidor de mercadorias, mas como um entreposto comercial para as próprias indústrias.

Restauração Meiji
A Restauração Meiji foi uma revolução que decorreu entre 1866 e 1868 onde o imperador Meiji foi o seu líder simbólico, e na qual o Shogunato Tokugawa foi abolido devido à vitória das forças imperiais na Guerra Boshin. A carta de juramento, uma declaração de cinco pontos, lida na coroação do Imperador Meiji, era uma declaração da natureza do novo governo, abolia o feudalismo e proclamava um governo democrático moderno para o Japão.

Entretanto, apesar de um parlamento ter sido formado, Meiji não possuía qualquer poder, tal como o próprio Imperador. O poder tinha passado dos Tokugawa para os Daimyo e outros Samurais que tinham liderado a restauração. O Japão era assim controlado pelos Genro, uma oligarquia que compreendia os homens mais poderosos das esferas militar, política e econômica. O Imperador mostrou uma maior longevidade, pois foi o primeiro Imperador a ultrapassar a idade de 50 anos, desde a abdicação do Imperador Ogimachi em 1586.

A Restauração Meiji é uma fonte de orgulho para os japoneses, pois a revolução industrial que lhe sucedeu permitiu ao Japão desempenhar o seu papel proeminente no Pacífico e tornar-se numa potência mundial no espaço de uma geração. No entanto, o papel desempenhado pelo Imperador Meiji na restauração é bastante discutível. Ele não controlava o Japão e o grau de sua influência na restauração é pouco conhecido. É pouco claro se ele apoiou a Guerra Sino-Japonesa ou a Russo-Japonesa. Uma das poucas visões que temos sobre os sentimentos do imperador é a sua obra poética, que parece indicar uma postura pacifista ou ao menos um homem que desejaria que a guerra fosse evitada.

Perto do final do governo de Meiji, vários anarquistas, incluindo Kotoku Shusui, foram executados sob a acusação de terem conspirado para assassinar o soberano. A conspiração ficou conhecida como o “Incidente de Alta Traição”.

Autores: Criado originalmente por Stefani Vaz em junho de 2013 e atualizado por Maria Rosa em julho de 2014.
Principais fontes de pesquisa
Portais: Asiawik | Japan Guide
Jornais: The Asahi Shimbun |  Kyodo News

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