Uma série de terremotos que ocorreu no Japão nesta sexta-feira (3) alimentou novos temores de um grande terremoto e erupções vulcânicas desastrosas na nação mais sismicamente ativa do mundo. Segundo o Japan Times, o maior temor da população local, no entanto, ficou por conta de uma grande erupção no Monte Fuji, um vulcão ativo, mas adormecido, que é o símbolo maior do país.
De acordo com a Agência Meteorológica do Japão (JMA), o primeiro tremor ocorreu às 06h37, hora local de sexta-feira, 03 (18h37 de quinta-feira no Brasil), registrando magnitude de 4,9, com epicentro na região leste dos Cinco Lagos de Fuji, que dispõem-se em arco ao redor da vertente norte do Monte Fuji, na prefeitura de Yamanashi, o que abalou o sopé norte da maior montanha do Japão.
O terremoto registrou -5 graus na escala japonesa (Shindo), que vai até 7, em Otsuki, no leste da província de Yamanashi, e 4 graus em algumas áreas da província de Kanagawa, informou a JMA em seu site.
Embora não tenha havido ameaça de tsunami após o terremoto, que também foi sentido em várias áreas de Tóquio, a agência alertou que tremores de intensidade semelhante podem ocorrer dentro de uma semana.
Ainda de acordo com a JMA, o epicentro do terremoto na área dos Cinco Lagos de Fuji ocorreu a uma profundidade de cerca de 20 quilômetros.
Até o momento, não houve relatos iniciais de feridos ou danos graves à edificações, segundo reportou às autoridades locais.
Os terremotos fazem parte da vida cotidiana no Japão. O arquipélago fica próximo aos limites de quatro placas tectônicas e fica ao longo da zona sísmica chamada Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorre a maioria dos terremotos e erupções vulcânicas do planeta. Na verdade, 18,5% dos terremotos no mundo ocorrem no Japão , de acordo com o Ministério da Terra. Isso significa que terremotos podem acontecer em qualquer lugar do país e a qualquer momento.
Séries de tremores em menos de 7 horas
Antes do sismo na região dos Cinco Lagos de Fuji o alarme já havia disparado porque foi precedido por terremotos anteriores de magnitude 4,1 e 3,6 que atingiram por volta de 2h18 e 2h23, respectivamente, a mesma área.
A “erupção do Monte Fuji” imediatamente começou a ser tendência no Twitter, com os internautas expressando expectativa de que os terremotos poderiam desencadear uma grande erupção vulcânica no pico mais alto do Japão. A Agência Meteorológica tentou conter o desconforto, dizendo que “não houve nenhuma mudança significativa nos dados de observação para a montanha de 3.776 metros”.
Como se para atiçar ainda mais as preocupações, o país sofreu outro forte terremoto cerca de três horas depois. De acordo com a JMA, um terremoto de magnitude 5,4 atingiu o oeste da província de Wakayama às 9h28 locais de sexta-feira (21h28 de ontem no Brasil), registrando -5 graus na escala japonesa (Shindo) na cidade de Gobo.
Provável Megaterremoto na Falha de Nankai
Embora ninguém tenha sofrido ferimentos em razão do tremor que registrou um shindo 3 em Osaka, a área está entre as consideradas em risco de um mega terremoto centrado na Falha de Nankai, uma enorme vala no fundo do oceano que se estende ao longo do costa sul do Japão, da prefeitura de Shizuoka à ilha de Kyushu, com uma extensão de aproximadamente a 900 km.
O governo estima que um violento terremoto de magnitude 8 a 9 tem 70-80% de probabilidade de atingir essa falha nos próximos 30 anos, com o desastre estimado para matar até 320.000 pessoas e causar danos de até ¥ 220 trilhões.
“Tal como aconteceu com o terremoto em Yamanashi, o terremoto em Wakayama também foi afetado pela Placa do Mar das Filipinas”, disse Manabu Takahashi, um professor especialmente nomeado do Centro de Pesquisa para Civilizações Pan-Pacífico da Universidade Ritsumeikan.
“Parece que todo o arquipélago japonês está à mercê do poder das placas. Em particular, é provável que ocorram atividades vulcânicas e terremotos no Monte Fuji, Monte Hakone, Ilha Izu Oshima, Ilha Miyake e outras áreas no lado oeste da Trincheira Izu-Ogasawara, onde a Placa do Pacífico afunda na Placa do Mar das Filipinas ”, disse.
“Devemos nos preparar para a possibilidade de terremotos e erupções vulcânicas sem precedentes.
Os pesquisadores têm alertado que a atividade sísmica tem aumentado desde 11 de março de 2011, quando um terremoto de magnitude 9 atingiu a costa nordeste do Japão, provocando tsunamis massivos, matando cerca de 16.000 pessoas e deixando milhares de desaparecidos. Esse terremoto – o maior na história registrada do país – foi acompanhado por deslocamentos generalizados da crosta terrestre que vêm criando estresse e provocando terremotos, segundo os pesquisadores.
Movimento das placas tectônicas
A área da grande Tóquio, que inclui a prefeitura de Yamanashi, onde os tremores ocorreram nesta sexta-feira, está localizada em três camadas de placas: Placa de Okhotsk, que é uma placa tectônica que cobre o Mar de Okhotsk, a Península de Kamchatka e as ilhas de Sacalina, Tohoku e Hokkaido, no Japão; Placa das Filipinas, que é uma placa tectónica oceânica, localizada no oceano Pacífico, a leste das Filipinas, ilhas que cederam seu nome à placa; e a Placa do Pacífico do Leste subjacente. Essas placas se movem constantemente, provocando grandes terremotos.
Em outubro, um terremoto de magnitude 5,9 atingiu Tóquio e as prefeituras vizinhas. Todas as linhas de trem e metrô dentro e ao redor da capital suspenderam temporariamente as operações enquanto dutos de água estouraram em várias áreas. O tremor provocou ainda vários incêndios, tanto em refinarias como em residências, e reacendeu os temores de um terremoto gigante que poderia deixar a capital em ruínas.
Estudo estima grande terremoto em Tóquio
Em 2013, o governo divulgou um relatório prevendo que há 70% de chance de um terremoto de magnitude 7 atingir a região da capital nos próximos 30 anos ou 20 anos. Na pior das hipóteses, segundo o estudo, o terremoto pode matar até 23.000 pessoas, causar mais de ¥ 95 trilhões em danos e destruir 610.000 casas.
“O leste de Yamanashi, onde os terremotos ocorreram nesta manhã, fica nos limites das placas e tem sido uma área muito sismicamente ativa”, disse Toshiyasu Nagao, um especialista em previsão de terremotos do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Universidade de Tokai.
“Mas a região tem estado relativamente quieta na última década ou mais. Esses terremotos recentes indicam que a área está se tornando sismicamente ativa novamente”, disse.
Enquanto isso, Nagao diz que o Monte Fuji está prestes a explodir, já que a última erupção foi em 1707.
Estudo aponta erupção no Monte Fuji até 2030
Um importante estudo publicado em 2014, o qual deixou em alerta o Japão e seus vizinhos asiáticos, afirma que o Monte Fuji está em estado crítico e uma erupção na montanha pode ocorrer até 2030.
Publicado na revista Scienc, o estudo aponta o terremoto que atingiu o nordeste japonês em março de 2011 como responsável por criar perturbações no até então adormecido vulcão.
A publicação afirma que o símbolo maior do Japão está em estado crítico e uma erupção pode ameaçar as vidas de cerca de 8 milhões de pessoas que vivem em Tóquio e em áreas próximas, além de destruir estradas e ferrovias que ligam as cidades mais populosas do Japão.
Informações
- Informações detalhadas sobre o terremotos (Yamanashi e Wakayama) no site da Agência Meteorológica
- Uma explicação de shindo, a escala japonesa de intensidade de terremotos (inglês).
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Atualizado em 04/12/2021.