O número de mortes e acidentes com crianças em creches continua alto no Japão, o que tem preocupado as autoridades japonesas e levou o governo central a criar um inédito painel de especialistas, cujo objetivo é discutir estratégias de prevenção a acidentes com crianças nesse tipo de instituição, informou nesta sexta-feira (6) a agência de notícias Kyodo.
Segundo dados divulgados pelo governo, 14 crianças com idades de zero a três anos morreram e outras 399 sofreram acidentes graves em creches em todo o país durante o ano de 2015. Do total de acidentes, houve casos em que as crianças sofreram ferimentos graves.
Os dados mostram ainda que, do total de mortes, dez ocorreu em creches privadas e/ou aquelas que não são reconhecidas pelo governo, enquanto que quatro óbitos foram registrados em creches públicas, que incluem aquelas mantidas pelos governos locais e/ou que têm ajuda do governo central.
A maioria das crianças morreu enquanto estava dormindo, totalizando dez casos. Desse total, seis foram encontradas mortas viradas de barriga para baixo, uma posição considerada perigosa por especialistas, já que corrobora para ocorrência da Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI), principal causa de óbito entre bebês com menos de um ano e, embora afete várias crianças no mundo inteiro, a origem desta síndrome ainda é desconhecida.
Segundo o governo, a maioria das creches privadas não segue as normas rígidas determinadas nas creches ditas oficiais, onde há maior fiscalização e instrução de órgãos públicos.
Nas instituições subsidiadas pelo governo, as orientações incluem precauções como, por exemplo, monitoramento ininterrupto das crianças e normas de prevenção à SMSI. A posição em que se coloca o bebê na hora de dormir é uma forma de prevenção, quando os cuidadores devem posicionar o bebê de barriga para cima, ou ainda de lado no berço.
Embora o número de mortes em 2015 tenha regredido em comparação com 2014, ano em que o país registrou 17 óbitos de crianças em creches, o número segue alto e preocupa as autoridades japonesas.
Mediante a isso, o governo japonês realizou uma reunião com especialistas para lidar com a questão, no que representou a primeira do tipo efetuada pelo governo. Professores universitários, representantes de instituições infantis e parentes de vítimas se reuniram no último dia 25 para discutir estratégias que possam prevenir mortes e acidentes de crianças em creches.
A reunião ocorreu no mesmo mês em que o governo anunciou um plano emergencial para ampliar o número de creches e/ou de vagas no país, em vista de que as instituições governamentais enfrentam superlotação, além de um número reduzido em comparação às creches privadas.
Segundo dados divulgados em janeiro pelo Ministério da Saúde, o tempo de espera por uma vaga nas creches do governo chegava a um ano nas grandes cidades até o final do ano passado, sendo a Região Metropolitana de Tóquio a mais afetada. Inclusive, a capital japonesa registra o maior número de crianças em creches privadas entre todas as 47 prefeituras do país.
Até dezembro de 2015, havia uma lista superior a 25 mil famílias à espera de vagas nas instituições subsidiadas pelo governo apenas na Região Metropolitana de Tóquio.
(Com Agência Kyodo)
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