Do Mundo-Nipo com Agências
Depois de acumular valorização de quase 10% em seis pregões consecutivos de alta, o dólar fechou em queda frente ao real nesta terça-feira (10), em um movimento de realização de lucro em meio a preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e notícias no mercado local apontando para um esforço do governo para melhorar a relação com a base aliada.
A moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 0,82%, cotada a R$ 3,1040 na venda, após chegar a R$ 3,1735 na máxima da sessão, maior cotação intradia desde o fim de maio de 2004. O dólar acumulou alta de 9,54% nos últimos seis pregões. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.
Nesta sessão, o dólar se fortaleceu nos mercados externos, refletindo expectativas de que os juros norte-americanos comecem a subir em breve, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros mercados. A moeda dos EUA atingiu a máxima em doze anos contra o euro.
No Brasil, o mercado vem se mantendo atento às dificuldades que o governo vem enfrentando para implementar medidas de reequilíbrio das contas públicas, o que ganhou novo ar de incerteza no fim de semana após as manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff.
A notícia de que o governo está disposto a voltar atrás no veto à correção da tabela de imposto de renda em 6,5, após encontro do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), foi bem vista pelo mercado como uma tentativa do governo de se reaproximar da base aliada, depois dos atritos da última semana por causa da medida provisória que trazia redução nas desonerações em folha de pagamentos.
A questão levantada por analistas é quanto custará esse “agrado” à população e que outros gestos de aproximação com o Congresso poderão ser feitos.
Apesar do alívio verificado hoje, analistas não veem uma mudança da tendência de alta do dólar. “Apesar do fato de que pode haver algum alívio no rali recente, a tendência do dólar é para cima”, afirma Daniel Cunha, estrategista da XP Investimentos.
A XP Investimentos espera que o dólar ainda tem algum espaço para se apreciar para a R$ 3,20 a R$ 3,30 no curto prazo, em que não se deve subestimar a uma eventual ultrapassagem.
Além das incertezas no mercado local em relação à capacidade do governo em promover o ajuste fiscal, há a leitura de que o Banco Central deve reduzir as intervenções no mercado de câmbio, o que ajudou no movimento de aumento da demanda por hedge. Apesar da disparada recente do dólar, o BC não anunciou atuações adicionais e seguiu com as ofertas de swap cambial previstas no cronograma, o que reforçou a expectativa de que a autoridade monetária poderá encerrar o programa da “ração diária”, que foi estendido até o fim de março.
Atuação do Banco Central no mercado de câmbio
O BC manteve seu programa de intervenções no mercado de câmbio, mas agora com metade da oferta. Nesta manhã, foram vendidos 2.000 contratos de swap: 1.500 com vencimento em 1º de dezembro deste ano e os outros 500 para 1º de março do ano que vem.
O BC também realizou mais um leilão para rolar os contratos que vencem em 1º de abril. Foram vendidos 7.400 contratos: 3.700 com vencimento em 1º de junho de 2016, e os outros 3.700 para 3 de outubro do ano que vem.
A operação movimentou o equivalente a US$ 354,1 milhões. Ao todo, o BC já rolou o equivalente a US$ 2,503 bilhões, ou cerca de 25% do lote total, correspondente a US$ 9,964 bilhões.
(Com informações das agências Valor Online e Reuters)
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