Dólar tem 2ª queda ante real após Moody’s cortar rating do Brasil

O dólar caiu 0,67% após agência Moody’s cortar, na véspera, o rating do Brasil de “Baa2” para “Baa3”

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar fechou em queda ante o real pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira (12), influenciado pela ação da agência Moody’s, na véspera, que rebaixou a classificação de risco do Brasil, cortando o rating de “Baa2” para “Baa3”, mas manteve uma perspectiva “estável” para a nota de crédito soberana. As mudanças no regime cambial na China também continuam no foco dos investidores, mas depois da firme alta do dólar em âmbito global ontem, o dia foi de ajuste, com valorização do real e de outras moedas de países exportadores de commodities.

A moeda norte-americana encerrou o dia com desvalorização de 0,67%, cotada a R$ 3,4744 na venda, após recuar mais de 1% e ser negociada a R$ 3,4460 na mínima da sessão.

Na véspera, após o fechamento dos mercados, a Moody’s cortou o rating do Brasil para “Baa3”, contra “Baa2”, igualando-se à classificação dada pela Standard & Poor’s. A S&P, no entanto, atribui perspectiva “negativa” à nota, o que havia corroborado as apostas de que a Moody’s faria o mesmo ou poderia até mesmo rebaixar o país diretamente para o grau especulativo, de acordo com a agência de notícias Reuters.

“Boa parte do mercado já esperava que a Moody’s rebaixasse o Brasil, mas a maioria imaginava que a perspectiva seria ‘negativa'”, explicou à Reuters o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.

Nos mercados internacionais, a moeda norte-americana revertia parte do avanço da véspera, que veio após a China surpreender os mercados ao desvalorizar sua moeda. O Banco Central chinês permitiu que o iuan enfraquecesse ainda mais nesta sessão (-1,6%), após a desvalorização promovida na terça-feira (-1,9%), em uma manobra que alimentou temores de uma guerra cambial mundial e acusações de que Pequim está concedendo vantagem desleal a seus exportadores, que vêm enfrentando dificuldades.

O BC chinês mudou a forma de fixar a banda de flutuação da moeda que agora tem por base o preço de fechamento do pregão anterior, explica a agência ‘Valor Online’.  A mudança indica que o país deseja uma formação de preço conduzida pelas forças de mercado, mas ainda não há consenso sobre o que pretende o BC chinês. Para alguns, a China tenta de forma desesperada elevar as exportações para sustentar um patamar mínimo de crescimento.

Ainda de acordo com o ‘Valor’, há ainda alguns que acreditam que o custo de manter o yuan artificialmente valorizado atingiu o limite e o país precisa promover um ajuste no balanço de pagamentos. Entretanto, outras avaliações indicam que a taxa de câmbio precisará ter de refletir os crescentes desequilíbrios macroeconômicos da China.

Nesta sessão, predominava a interpretação de que a alta do dólar pode servir de entrave à recuperação dos Estados Unidos, levando o Fed a pensar duas vezes antes de elevar os juros no mês que vem.

O Scotiabank ressaltou em nota a clientes “preocupações fundamentais sobre o momento e o tamanho da normalização da política monetária do Fed à luz dos riscos ao crescimento e à inflação globais”.

Cenário interno
As estratégias mais defensivas do mercado, diante do quadro de crise política e econômica no Brasil, contribuíram para que o dólar se afastasse das mínimas da sessão.

Os atritos entre o Legislativo e o Executivo têm injetado volatilidade nos mercados nas últimas semanas. Na véspera, a presidente Dilma Rousseff recebeu bem as propostas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para enfrentar a crise econômica, mas o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, reagiu e criticou a estratégia do governo de concentrar no Senado os esforços de reconstrução de sua base de apoio.

Atuações do Banco Central
O Banco Central vendeu nesta manhã a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no início do próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 3,304 bilhões, ou cerca de 33%, do total de US$ 10,027 bilhões. Se continuar neste ritmo, a autoridade monetária vai recolocar o lote total.

Nesta quarta-feira, o Banco Central apresentou o fluxo cambial da primeira semana de agosto, o resultado foi positivo em US$ 927 milhões, sendo US$ 799 milhões na conta financeira e outros US$ 128 milhões na conta comercial. Os dados mostram uma breve melhora após a saída de US$ 3,9 bilhões no mês de julho, puxada por uma saída líquida da conta financeira de US$ 8,3 bilhões.

(Com informações das agências Valor Online e Reuters)

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