Do Mundo-Nipo com Agências
O dólar fechou em alta ante o real pela terceira sessão consecutiva e atingiu R$ 3,12 nesta segunda-feira (13), acompanhando a valorização da moeda americana no exterior, que foi influenciada pela divulgação de dados negativos sobre a economia da China.
A moeda norte-americana encerrou a sessão em alta de 1,74%, cotada a R$ 3,1245 na venda, após acumular desvalorização de 1,86% na semana passada. Segundo dados da BM&FBovespa, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,2 bilhão, mesmo valor registrado na sexta-feira.
A sessão de hoje foi influenciada pela divulgação de dados negativos sobre a economia da China. O resultado da balança comercial do país mostrou queda nas exportações, o que gerou preocupação sobre a desaceleração do crescimento na segunda maior economia do mundo.
As exportações da China caíram 15% em março, enquanto as exportações declinaram 12,7% em comparação com um ano antes. O resultado demonstra que a demanda doméstica se mantém enfraquecida.
“As exportações da China tiveram uma queda inesperada em março, e isso está afetando moedas ligadas a commodities e o real está indo na esteira do movimento”, disse à Agência Reuters o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, acrescentando que a ausência de indicadores relevantes no Brasil e nos Estados Unidos nesta sessão fez com que os investidores ficassem mais atentos ao dado chinês.
Por outro lado, o economista e presidente da NGO Corretora, Sidnei Nehme, disse ao jornal Folha de S.Paulo que o comportamento do dólar hoje também foi influenciado pela preocupação continua do mercado com a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos.
Segundo ele, com a elevação dos juros nos EUA, os investimentos estrangeiros hoje em mercados emergentes, como o Brasil, devem ser atraídos para o país. Com isso, diante da perspectiva de maior saída de dólares no mercado brasileiro, a cotação da moeda americana sobe em relação ao real.
Das 24 principais divisas emergentes, 23 desvalorizaram em relação ao dólar nesta segunda-feira.
Cenário interno
Ainda de acordo com Nehme, os protestos de domingo foram mais fracos que o previsto e nâo pressionaram a cotação do dólar nesta sessão. “A situação do governo melhorou, está mais tranqüila. O governo recebeu o respaldo das agências de risco S&P e Fitch, que mantiveram a nota de crédito do país. Com isso, ganhou tempo para fazer os ajustes, destacou ele.
Por outro lado, a pesquisa Datafolha monstrando que a popularidade da presidente Dilma Rousseff parou de cair foi ofuscada pela notícia de que a maioria apóia a abertura de um processo de impeachment contra a presidente.
Para Marco Aurélio Barbosa, analista da corretota CM Capital Markets, o apoio dos consultados pela pesquisa Datafolha ao processo de impeachment é a informação mais importante a ser avaliada no cenário interno. “Esse dado é um enorme ‘combustível ‘ político para a oposição e até mesmo para setores governistas insatisfeitos, disse o analista em relatório.
“A articulação política vai ter que se desdobrar no corner [quina] novamente e ameace os principais pontos do ajuste fiscal que estão tramitando no Congresso”, ressalta.
Economistas diminuem projeção para inflação
Após aumentarem as previsões para a inflação em 2015 por 14 semanas consecutivas, economistas consultados pelo Banco Central reduziram, nesta segunda, a projeção para o indicador. Agora eles esperam aumento de preços de 8,13% –na semana passada, a projeção era de 8,2%.
Apesar da queda, a estimativa ainda ficou acima do limite máximo da meta do governo. A meta para a inflação é de 4,5% ao ano, com uma tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos (ou seja, varia de 2,5% a 6,5%).
A previsão para a cotação do dólar no final do ano é de R$3,25, mesmo valor previsto na semana passada.
Atuações do Banco Central
O Banco Central realizou mais um leilão para rolar contratos antigos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em 4 de maio. Foram vendidos 10,6 mil contratos: 2.200 para 1º de março de 2016 e os outros 8.400 com vencimento em 3 de outubro do ano que vem.
A operação movimentou o equivalente a US$ 509,8 milhões. Até o momento, o BC rolou US$ 4,103 bilhões, ou o equivalente a cerca de 40% do lote total com vencimento em maio, correspondente a US$ 10,115 bilhões.
Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.
Em março, o BC encerrou seu programa de atuações no mercado de câmbio, em que vendia, todo dia, novos contratos de swap com o objetivo de evitar um forte avanço da moeda norte-americana. Não há mais negociação de novos contratos desde março.
(Com informações do Jornal Folha de S.Paulo e da agência Reuters)
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