Dólar segue exterior e fecha em baixa após atingir maior nível em quase 12 anos

A leve baixa ocorre após a moeda saltar mais de 2,5% na sessão passada.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar fechou em leve queda ante o real nesta segunda-feira (16), acompanhando o movimento de correção no exterior diante de dados econômicos mais fracos que o esperado nos Estados Unidos, dando um respiro após as expressivas altas das últimas sessões, enquanto os investidores se mantiveram sensíveis aos desdobramentos do noticiário político no Brasil, um dia após os protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff, que reuniu mais de 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista.

A moeda norte-americana encerrou o dia com leve recuo de 0,14%, cotada a R$ 3,2445 na venda, após fechar na máxima em quase doze anos na sexta-feira, quando saltou mais de 2,5%. Segundo dados da BM&F, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.

A sessão de hoje foi marcada por mais um dia de volatilidade, com a divisa chegando a recuar mais de 1% e subir quase 0,5%. No mês, a moeda acumula valorização de 13,6%. No ano, a alta chega a 22,03%.

No cenário externo, o dólar perdia terreno contra as principais moedas, puxadas pela recuperação do euro. Além disso, investidores em todo o mundo seguem cautelosos à espera da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), na próxima quarta-feira, que pode trazer novas sinalizações sobre o processo de normalização da taxa básica de juros nos Estados Unidos, descartando a promessa de ser “paciente” para elevar os juros e indicando que o aperto monetário pode ter início em breve.

Ainda no mercado externo, o dólar caiu frente às principais divisas, influenciado por dados mais fracos que o esperado da produção industrial nos Estados Unidos, que registrou avanço de 0,1% em fevereiro, abaixo da expectativa do mercado que era de crescimento de 0,2%.

Os dados serviram como desculpa para os investidores realizarem parte dos lucros, após a forte alta da moeda americana verificada na semana passada. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana frente a uma cesta com as principais moedas, recuava 0,57%.

Impacto dos protestos
Segundo operadores, investidores se anteciparam às manifestações e correram para buscar proteção na sexta-feira, mas desmontando essas posições nesta manhã. Os gigantescos protestos de domingo ocupavam o centro das atenções, mas analistas não sabiam como avaliar o impacto para a situação política e econômica do Brasil.

“As consequências ainda são incertas, mas o ímpeto político continua sendo uma importante preocupação no Brasil, com a aprovação da presidente na mínima histórica e um quadro econômico duro, além das investigações em torno da Petrobras”, escreveram analistas do JPMorgan em nota a clientes.

Analistas do Eurasia Group defenderam que os protestos têm impacto “neutro” para as trajetórias de curto e longo prazo do Brasil, mas ressaltaram que os próximos meses devem ser palco de mais manifestações. “As maiores dificuldades do governo no curto prazo podem vir de trabalhadores que exigem benefícios específicos ou salários maiores”, afirmaram, em relatório.

Hoje a presidente Dilma convocou reunião de coordenação política para tratar de conjuntura brasileira. “O governo vai se empenhar em melhorar instituições e mecanismos de combate à corrupção”, afirmou José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça.

Em reunião com empresários em São Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a desvalorização das commodities e ajustes no dólar são decorrentes do fim de políticas anticíclicas nos Estados Unidos e na China.

O ministro ainda destacou que governo está fazendo um trabalho de convencimento do Congresso quanto à aprovação das medidas fiscais e que um ajuste rápido e do tamanho necessário ajudará a reduzir as incertezas. “Ter contas públicas em ordem é a primeira coisa para se retomar a confiança de um país”, afirma.

Incertezas sobre o programa de intervenções do Banco Central Brasileiro
Cresce a ansiedade para saber se o programa de intervenções diárias do BC brasileiro no câmbio será estendido além deste mês, em meio à intensa volatilidade recente.

“Tínhamos dois vendedores importantes de dólares no Brasil: os estrangeiros e o BC. Agora, parece que não vamos ter mais nenhum dos dois”, disse à Reuters o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a uma posição vendida de US$ 97,1 milhões. Foram vendidos 550 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.450 para 1º de março de 2016.

O BC também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 39% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

(Com informações das agências Valor Online e Reuters)

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