A economia do Japão cresceu fortemente no terceiro trimestre e atingiu o ritmo mais rápido já registrado em 50 anos, permitindo assim recuperar-se com força da maior queda pós-guerra registrada no trimestre anterior, quando confirmou uma recessão mais profunda.
Segundo informou a agência Reuters, o potente crescimento é devido a melhora das exportações e do consumo privado, que ajudaram o país a emergir do colapso econômico provocado pela pandemia de coronavírus.
Entretanto, analistas citaram que a retomada é pontual diante do ápice da recessão e alertaram que qualquer outra recuperação na economia será moderada já que o ressurgimento das infecções prejudica as perspectivas.
De acordo com os dados divulgados hoje (16) pelo Escritório do Gabinete Japonês, o Produto Interno Bruto (PIB) da terceira maior economia do mundo expandiu a uma taxa anualizada de 21,4% entre julho e setembro, superando a expectativa do mercado de 18,9% e marcando o primeiro aumento em quatro trimestres.
Foi o maior aumento desde que dados comparáveis foram disponibilizados em 1980 e seguiu-se à queda de 28,8% no segundo trimestre, quando o consumo foi afetado pelo lockdown para impedir a disseminação do vírus.
“O crescimento forte entre julho e setembro foi provavelmente uma recuperação pontual de uma contração extraordinária causada pelas medidas de lockdown”, disse Yoshiki Shinke, economista-chefe do Dai-ichi Life Research Institute.
“A economia pode não cair do precipício. Mas dada a incerteza sobre a perspectiva, eu preferiria a cautela em termos de ritmo de qualquer recuperação”, disse ele.
A recuperação se deu principalmente pelo aumento recorde de 4,7% no consumo privado, com as famílias aumentando os gastos em carros, lazer e restaurantes, disse um funcionário do governo em entrevista coletiva.
A demanda externa também acrescentou 2,9 pontos percentuais ao crescimento do Produto Interno Bruto, com as exportações aumentando 7,0%, mostraram os dados.
Por outro lado, os gastos de capital caíram 3,4%, encolhendo pelo segundo trimestre seguido, em um sinal preocupante para os legisladores que esperam revitalizar a economia com gastos do setor privado, conforme noticiou a Reuters.
Base trimestral
Na comparação com o trimestre anterior, a economia japonesa cresceu 5% entre julho e setembro. A forte alta vem após uma queda histórica no segundo trimestre, e que nesta segunda-feira o governo revisou para baixo, a -8,2% contra 7,9% da estimativa inicial, cálculos em termos trimestrais, segundo a agência AFP.
A contração começou no quarto trimestre de 2019 (-1,8%), consequência do aumento do IVA, e prosseguiu com uma queda de 0,6% no primeiro trimestre, o que marcou o início da recessão no país, definida por dois resultados negativos do PIB durante ao menos dois trimestres seguidos, o que não acontecia desde 2015.
Hiato de produção
Ainda de acordo com a Reuters, O ministro da Economia, Yasutoshi Nishimura, disse que a economia ainda tem mais de 30 trilhões de ienes (US $ 287 bilhões) de hiato de produção negativa, ou capacidade ociosa, parte da qual deve ser preenchida por um novo pacote de estímulo agora em andamento.
“Não podemos compensar todo o hiato do produto apenas com gastos com obras públicas. Também precisamos estimular o investimento privado. Mas o tamanho (do hiato do produto) é algo que veremos ”ao compilar o novo pacote de gastos, disse ele em entrevista coletiva.
Um hiato do produto negativo ocorre quando o produto real é menor do que a capacidade total da economia e é visto como um sinal de demanda fraca.
Pacote adicional
Sem estímulo adicional, o Japão pode passar por um abismo fiscal no próximo ano, já que o efeito de dois grandes pacotes lançados no início deste ano – no valor combinado de US$ 2,2 trilhões – desaparecerá.
O primeiro-ministro Yoshihide Suga instruiu seu gabinete a apresentar outro pacote, que os analistas estimam um valor entre 10 e 30 trilhões de ienes.
“A observação de Nishimura sobre o hiato de produção de 30 trilhões de ienes sugere que o tamanho do novo pacote viria na mesma proporção”, disse Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin.
O Banco do Japão também deve estender seu programa de financiamento corporativo além do prazo final de março, com uma decisão prevista para o próximo mês ou janeiro, dizem os analistas.
Apesar de alguns sinais de melhora nos últimos meses, analistas esperam que a terceira maior economia do mundo encolha 5,6% no atual ano fiscal, que encerra em março de 2021. Eles também avaliam que pode levar anos até que a economia retorne aos níveis pré-pandemia.
Do Mundo-Nipo (MN)
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