O dólar interrompeu uma sequência de seis altas consecutivas e fechou em forte queda nesta quarta-feira (17), abaixo de R$ 4, refletindo o otimismo global com a recuperação nos preços do petróleo após anúncio de um acordo que promete limitar sua produção. No mercado local, a queda do dólar foi reduzida após a Standard & Poor’s rebaixar a nota de crédito do Brasil.
A moeda-norte americana recuou de 1,88%, cotada a R$ 3,9940 na venda. É a maior queda percentual diária desde 28 de dezembro do ano passado, quando a moeda havia caído 2,1%. Com isso, o dólar interrompe uma sequência de seis altas frente ao real.
Na semana e no mês, o dólar acumula alta de 0,11% e queda de 0,75%, respectivamente. No ano, a moeda tem alta acumulada de 1,17%.
Cenário externo
Os preços do petróleo subiam nesta sessão depois de o Irã expressar apoio à iniciativa encabeçada por Rússia e Arábia Saudita para cortar a produção da matéria-prima. Com isso, investidores colocavam dinheiro em negócios de maior risco, especialmente aqueles ligados a matérias-primas.
O mercado também esperava a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).
Os membros do Fed destacaram que a economia dos Estados Unidos pode contrair em função da queda do preço das commodities, piora das condições dos mercados financeiros e crescimento mais lento da economia global, com a inflação devendo levar um pouco mais de tempo para atingir a meta de 2%, o que deverá ocorrer até o fim de 2018.
Lá fora, a alta do preço do petróleo sustentou o rali das moedas emergentes, especialmente às atreladas a commodities. O preço do óleo acelerou a alta após reunião entre membros de países exportadores da commodity com o Irã.
O ministro de petróleo do Irã, Bijan Zanganeh, disse, após a reunião com colegas do Iraque, Venezuela e Qatar, que o país não se compromete a limitar a sua produção de petróleo, mas que apoiará a ação para recuperar o preço da commodity.
Ontem, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) chegou a um acordo de limitação de produção aos níveis de janeiro, mas ainda depende que outros produtores (de fora do grupo) aceitem. A despeito dessa condição, analistas já afirmam que esse acordo pode ser considerado um avanço considerável.
Mercado interno
A moeda norte-americana chegou a recuar a R$ 3,9670 na mínima da sessão, mas reduziu as perdas na reta final do pregão, após a Standard & Poor’s rebaixar a nota de crédito do Brasil.
A agência de risco, que já mantinha a nota de crédito do Brasil abaixo do grau de investimento, rebaixou hoje o rating soberano de “BB+” para “BB”, mantendo a perspectiva negativa. Segundo a Standard & Poor’s, os desafios econômicos e políticos do Brasil continuam consideráveis e agora a expectativa é de um processo de ajuste mais longo.
A última ação da S&P havia sido em setembro de 2015, quando a agência de classificação de risco cortou o grau de investimento Brasil. A Moody’s ainda é a única agência que mantém o rating do Brasil acima do grau de investimento, com perspectiva negativa.
Segundo Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, os fundamentos do Brasil ainda estão muito ruins e se o ‘humor’ no cenário externo estivesse pior, a notícia do rebaixamento do rating do Brasil teria impactado mais os preços dos ativos. “Apesar dos fundamentos piorando, a perspectiva de que o Brasil não vai quebrar, o juro alto, e os preços baratos de alguns ativos mantêm o país atrativo do ponto de vista de investimento”, diz.
Atuações do Banco Central
Nesta manhã, o Banco Central do Brasil seguiu seu programa diário de interferência no câmbio e promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais (equivalente a venda futura de dólares) que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos.
Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 5,804 bilhões, ou cerca de 57% do lote total, que equivale a US$ 10,118 bilhões.
Fontes: Jornal Valor Econômico | Agência Reuters.
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