O ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, saudou o acordo anunciado na segunda-feira pelo secretário de Estado americano, John Kerry, e pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, sobre os termos para uma interrupção nacional nas hostilidades na Síria marcada para entrar em vigor dia 27 de fevereiro.
Nesta terça-feira (23), o chanceler japonês disse à imprensa que “faz votos para que todos os envolvidos no conflito sigam a resolução do Conselho de Segurança da ONU”, que vem buscando incessantemente para mediar o processo de paz na Síria.
Kishida acrescentou que o Japão vai coordenar atentamente esforços políticos com outros países. Além disso, “a diplomacia japonesa vai concentrar suas forças no apoio humanitário à Síria”, a fim de ajudar na estabilização da situação no país.
Sinal de Esperança
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também saudou a decisão do cessar-fogo. “Acima de tudo, o acordo “é um sinal de esperança há muito aguardado pelo povo sírio que após cinco anos de conflito possa haver um fim à vista para o seu sofrimento”, disse ele.
Ban fez um apelo aos envolvidos que respeitem os termos do acordo e afirmou que há muito trabalho à frente para garantir sua implementação.
O chefe da ONU declarou ainda que o escritório do enviado especial para Síria está pronto para apoiar a implementação do acordo, tanto na região, em Damasco, quanto em Genebra.
Acordo
O acordo de cessar-fogo entrará em vigor na Síria em 27 de fevereiro às 0h hora de Damasco (23h do dia 26 no horário de Brasília), segundo o comunicado comum entre os Estados Unidos e a Rússia, divulgado na segunda-feira (22) pelo Departamento de Estado em Washington.
Esta interrupção das hostilidades – que fizeram dezenas de milhares de mortos e milhões de refugiados em cinco anos – não incluirá o grupo Estado Islâmico e a Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al-Qaeda, de acordo com o comunicado.
“Esta interrupção das hostilidades se aplicará às partes envolvidas no conflito que indicaram que aplicarão e respeitarão os termos” do acordo, acrescenta o comunicado.
As partes têm até 26 de fevereiro às 12h (7h de Brasília) para informar aos Estados Unidos e à Rússia de sua adesão ao acordo.
A oposição síria disse que aceita o cessar-fogo se “condições humanitárias” sejam cumpridas.
O Alto Comitê de Negociações do principal grupo opositor afirmou que responde “positivamente aos esforços internacionais para alcançar o fim das hostilidades”, mas condicionado a levantamento dos cercos às cidades, liberação de prisioneiros, fim dos bombardeios contra civis e entrega de ajuda humanitária.
Já Bashar al-Zoubi, chefe do gabinete político do Exército Yarmouk, que é parte do Exército Sírio Livre, afirmou que a não inclusão de grupos extremistas no cessar-fogo daria cobertura para o presidente Bashar al-Assad e os seus aliados russos seguirem com os ataques a territórios controlados pela oposição, onde rebeldes e facções militantes se encontram muito próximos.
“A Rússia e o regime vão atacar as áreas dos revolucionários sob o pretexto da presença da Frente Nusra, e você sabe o quão misturadas essas áreas são. Se isso ocorrer, a trégua entra em colapso”, afirmou ele.
Desde que iniciou os ataques aéreos em apoio a Assad em setembro, a Rússia ajudou a abrir caminhos para avanços importantes das forças de governo num conflito que preocupa várias potências regionais e mundiais.
O Exército sírio é apoiado por Moscou, pelo Irã e por combatentes do Hezbollah, do Líbano. Já os rebeldes têm o apoio dos Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita.
O conflito na Síria deixou mais de 260 mil mortos desde seu início, em 2011.
Fontes: NHK News | Agência Kyodo | Agência AFP.
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