Dólar tem 3ª queda seguida e fecha abaixo de R$ 3 pela 1ª vez em quase 2 meses

Com o resultado de hoje, o dólar já acumula queda de 6,56% em abril.

O dólar teve a terceira desvalorização consecutiva e recuou quase 1% ante o real nesta quita-feira (23), fechando abaixo de R$ 3 pela primeira vez desde o início de março, com os investidores testando um novo piso para a moeda após dados da Petrobras divulgados na véspera. Influenciou ainda indicadores fracos relativos à atividade industrial e emprego nos Estados Unidos, que podem fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) adie a elevação da taxa de juros no país para o segundo semestre.

A moeda norte-americana recuou 0,89%, cotada a R$ 2,9816 na venda. É o menor valor de fechamento desde 4 de março, quando encerrou cotada a R$ 2,9807. Segundo dados da BM&FBovespa, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão, contra cerca de  US$ 1,7 bilhão observados na sessão anterior.

Segundo a agência de notícias Reuters, a queda do dólar no mercado internacional ajudou a intensificar a desvalorização ante o real, que vinha encontrando dificuldade para se manter no patamar de R$ 3. Com o resultado de hoje, o dólar acumula queda de 6,56% em abril. No ano, entretanto, a valorização ainda é de 12,15%.

Apesar de encerrar em queda, a moeda foi negociada em alta durante a maior parte da manhã, chegando a subir 0,89%, cotada a R$ 3,0352 na máxima da sessão, reagindo ao balanço auditado da Petrobras, referente a 2014, divulgado logo após o encerramento do pregão na véspera.

Os números divulgados pela petroleira estatal, na noite de ontem, contabilizam os prejuízos com o esquema de corrupção na estatal, investigado na operação Lava Jato. A Petrobras registrou um prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, em comparação com lucro de R$ 23,57 bilhões em 2013. No cálculo, entraram as perdas de R$ 6,194 bilhões com pagamentos indevidos descobertos pela Polícia Federal.

Analistas consultados pela Reuters destacaram negativamente dados relacionados ao endividamento da estatal e perspectivas quanto ao fluxo de caixa, bem como o anúncio de não pagamento de dividendos, embora tenham considerado que a divulgação dos resultados auditados traz um “alívio”.

Além do balanço da Petrobras, o mercado também reagiu aos indicadores norte-americanos, divulgados nesta quinta-feira. A pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), mostrou que a atividade industrial nos Estados Unidos desacelerou mais que o esperado em abril, no ritmo mais lento desde janeiro.

O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego subiu na semana passada, marcando o terceiro aumento semanal consecutivo. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, os pedidos iniciais subiram em 1.000, para 295 mil, segundo dados ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 18 de abril, enquanto o número de pedidos da semana anterior não sofreu revisões, conforme divulgou o Departamento de Trabalho do país.

As vendas de novas moradias para uma única família registraram em março a maior queda em mais de um ano e meio, interrompendo três meses seguidos de ganhos fortes, num revés temporário para o mercado imobiliário do país.

Os resultados sugerem que o Fed postergará o aumento da taxa de juros no país, que se encontra perto de zero desde 2008. Com o adiantamento, os investidores optam por manter o dinheiro aplicado em mercados emergentes, como o Brasil, buscando lucrar com a diferença de taxa de juros adotada nesses países em relação à paga pelos títulos americanos. Isso favorece a entrada de dólares nos emergentes, pressionando a divisa norte-americana para baixo, conforme destacou a Folha em sua publicação.

“Manter o dólar desvalorizado interessa aos Estados Unidos neste momento de recuperação econômica. Se o dólar se valorizar, pode prejudicar as exportações americanas e impactar a atividade econômica nos EUA”, disse Sidnei Nehme, economista e presidente da NGO Corretora, à Folha.

Para ele, porém, a desvalorização da moeda ocorreu além do patamar considerado ideal pelo governo brasileiro. “Nós não temos condições de termos uma taxa de câmbio abaixo de R$ 3, é um preço que não interessa ao governo, que está usando o dólar como fator para reabilitar a atividade econômica brasileira, destacou Nehme.

Ainda de acordo com o economista, para corrigir essa queda acentuada, o Banco Central brasileiro precisaria reduzir a oferta de contratos de swaps (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) no mercado cambial.

“Não é compatível ter um real se apreciando com um déficit em conta corrente de US$ 101 bilhões. O próprio governo projeta, até o final do ano, um déficit de US$ 84 bilhões, Para isso, precisamos de um dólar mais forte para atrair capital”, disse ele.

Atuações do Banco Central
Nesta quinta-feira, o Banco Central fez mais um leilão para rolar os contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em 4 de maio. Foram vendidos 10,6 mil contratos: 8.000 com vencimento em 1º de março de 2016, e os outros 2.600 para 3 de outubro do ano que vem. A operação movimentou o equivalente a US$ 517 milhões.

Até o momento, o BC rolou US$ 7,72 bilhões, ou o equivalente a cerca de 76% do lote total com vencimento em maio, correspondente a US$ 10,115 bilhões.

Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.

Em março, o BC encerrou seu programa de atuações no mercado de câmbio, em que vendia, todo dia, novos contratos de swap com o objetivo de evitar um forte avanço da moeda norte-americana. Não há mais negociação de novos contratos desde então.

Do Mundo-Nipo
Fontes: Folha de S.Paulo | Reuters.

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