Violência contra crianças atinge alta histórica no Japão

É a primeira vez na história do país que o número ultrapassa os 37 mil casos de encaminhamento aos postos de orientação infanto-juvenil.
Crianca japonesa Foto Kellywu

A Agência Nacional de Polícia (NPA, na sigla em inglês) informou que 37.020 casos de violência contra crianças e adolescentes até 18 anos chegaram ao conhecimento dos centros de atendimentos ao menor em todo o Japão no ano passado. O número recorde representa um aumento de 28% em relação ao ano anterior e é o maior já registrado desde que a agência começou a compilar os dados, em 2004.

Divulgado nesta quinta-feira (24), o relatório da NPA mostra que o número de crianças que sofreram abuso psicológico, como agressão verbal e exposição à violência doméstica, chegou a 24.159 casos em 2015, ou seja, 60% do total, o que representa um salto de 40% em relação a 2014.

O número de crianças levadas em custódia pela polícia para centros de proteção a menores aumentou pelo terceiro ano consecutivo, totalizando 2.624. Nesses casos, as autoridades avaliaram que os menores corriam risco de perder a vida.

Os números relativos a abuso sexual infantil também atingiram recorde no ano passado. De acordo com ANP, a polícia relatou que foram atendidas 785 ocorrências envolvendo crianças e adolescentes que foram expostos a abusos em todo o país em 2015. Desse total, 26 menores morreram.

A violência contra crianças, adolescentes e idosos tem um triste fator em comum, é em sua maioria cometida por pessoas próximas: pais, tios, filhos, padrastos, amigos, entre outros. Um dos efeitos dessa realidade é a subnotificação dos casos, ou seja, a vítima tem dificuldades de denunciar os maus tratos que sofre, geralmente por medo ou vergonha.

Mediante a isso, a ANP acredita que o número de menores que sofrem violência no país é bem maior do que os registrados, estimando que mais de 50% dos adolescentes não relatam os abusos. A porcentagem de subnotificação estimada para crianças é quase o dobro.

A polícia prometeu trabalhar em estreita colaboração com os centros de assistência ao menor para detectar abusos precoces.

Contudo, o Instituto de Pesquisa da Criança e da Família, um órgão adjunto do Ministério as Saúde, disse no ano passado que “respostas ativas para a violência contra menores, bem como o abuso infantil, é um fator significativo por trás do aumento dos casos relatados”.

O órgão afirmou que a ampla cobertura da mídia ajudou a aumentar a consciência pública sobre a violência contra crianças no país, o que tem impulsionado mais pessoas a entrar em contato com as autoridades sobre casos suspeitos.

Fontes: Agência Kyodo | NHK News.

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