O grupo japonês Sharp, que há muito tempo atravessa uma séria crise, anunciou nesta quinta-feira (25) que aceitou a proposta de compra feita pela companhia taiwanesa Hon Hai Precision Industry, mais conhecida como Foxconn. Com isso, a Sharp se tornará a primeira grande empresa de eletroeletrônicos do Japão a passar para o controle de uma empresa estrangeira, de acordo com os principais meios de comunicação internacionais.
Segundo emissora estatal japonesa ‘NHK’, executivos da Sharp avaliaram as propostas de ambos os lados. Contudo, no início deste mês, eles optaram pela oferta mais alta e abriram negociações formais com a empresa de Taiwan.
Trata-se de um valor substancialmente mais elevado que o proposto pelo fundo de parceria público-privado conhecido como Innovation Network Corporation of Japan.
De acordo com agência de notícias ‘AFP’, o grupo Hon Hai, que inclui a Foxconn e várias filiais, vai assumir 65,91% do capital da Sharp. A negociação gira em torno de 489 bilhões de ienes, que será realizada mediante a uma emissão especial de ações da Sharp, conforme explicou a ‘AFP’, citando como fonte os documentos entregues pela Sharp à Agência de Serviços Financeiros (FSA).
Interessado nas tecnologias únicas desenvolvidas pela empresa japonesa, Terry Gou, presidente da Foxconn, afirmou em comunicado que vem perseguindo a Sharp há quatro anos.
Inicialmente, sua empresa ofereceu 600 bilhões de ienes, mas depois aumentou a quantia para 659 bilhões, até chegar ao valor anunciado de 700 bilhões de ienes (cerca de R$ 24,6 bilhões), levando-se em conta o montante da dívida da Sharp.
Funcionários da Sharp ligados ao acordo disseram à ‘NHK’ que a Foxconn não planeja obter financiamento adicional junto aos dois principais bancos japoneses utilizados pela empresa para adquirir empréstimos: Mizuho e Tokyo-Mitsubishi UFJ.
Segundo a ‘AFP’, o anúncio foi mal recebido pelos investidores, descontentes com a ampliação de capital. Nesta quinta-feira, a cotação da Sharp foi suspensa temporariamente na Bolsa de Tóquio e suas ações fecharam com uma queda de quase 15%. Enquanto isso, as ações da Foxconn brevemente ficaram acima de 5% com o anúncio, mas depois seguiram estáveis até o fim do pregão asiático.
A Sharp, que é uma das maiores fabricantes de eletroeletrônicos do mundo, responsável por produtos como TVs, painéis solares e, inclusive, fornecedora de telas para os iPhones da Apple, tem enfrentado perdas pesadas nos últimos anos, chegando a pedir socorro aos dois principais bancos do Japão em maio de 2015, pela segunda vez em três anos.
No ano fiscal encerrado em março de 2015, a Sharp teve prejuízo líquido de US$ 1,89 bilhão. De lá para cá, a situação piorou para a empresa japonesa, que declarou perdas operacionais de US$ 210 milhões nos resultados financeiros para o primeiro semestre fiscal de 2015, que no Japão representa os meses de abril a setembro. O segundo semestre fiscal termina no final deste mês, de acordo com a agência de notícias ‘Kyodo’.
Apesar da forte crise, Terry Gou promete investir cifras bilionárias para reposicionar a marca japonesa como competidora de respeito no mercado de telas de smartphones. Segundo o jornal online ‘UOL Economia’, a ideia é competir, já na próxima geração de aparelhos, com empresas como Samsung e oferecer mais produtos para a Apple – que hoje é o maior cliente da Foxconn.
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