Brasil: Chega às lojas o primeiro carregamento da nova ‘bala Juquinha’

Três messes após encerrar a produção, a bala mais consumida no Brasil nas últimas seis décadas retorna de roupa nova.

Do Mundo-Nipo

O primeiro carregamento da nova ‘bala Juquinha’, a mais consumida no Brasil nas últimas seis décadas, chegou ontem (24) às lojas do ramo em boa parte do Brasil. De acordo com o jornal “O Dia”, o abastecimento no Rio de Janeiro foi assistido pelos novos donos da marca, Antônio Tanque, 57 anos, e seu filho, Vitor Tanque, 25 anos, que fizeram questão de acompanhar pessoalmente a distribuição nos primeiros 200 pontos de vendas na Capital carioca. A primeira distribuição contou com um carregamento de quase 30 toneladas.

A bala mais consumida no Brasil terá ainda novas versões, como drops, chicletes e pirulito-carimbo. A novidade, no entanto, será por um período experimental, conforme noticiou o jornal.

Os revendedores da Juquinha comemoraram a volta da bala às prateleiras. “Graças a Deus, agora não precisarei mais ficar ouvindo todos os dias, desde que a distribuição foi interrompida (em maio): ‘Tem bala Juquinha? Quando vai chegar?. Não consigo mais viver sem a bala (…)”, disse Fernanda Ramos, 52 anos, proprietária da doceria Esplendor, na Lapa, e a primeira a receber o produto das mãos dos empresários, de acordo com “O Dia”.

Segundo Vitor, nos próximos dias, a distribuição estará totalmente normalizada em todo o estado. As primeiras carretas da bala foram carregadas com o sabor mais tradicional, o de tutti-frutti, que está um pouco mais “azedinha”.

A partir de outubro, outros quatro sabores (uva, framboesa, morango e maçã-verde) também passarão a ser comercializados.

Localizada em Lajeado, a 120 Km de Porto Alegre (RS), a Florestal Alimentos S/A é a nova fabricante da famosa guloseima. Segundo o jornal, a companhia é uma das cinco maiores fábricas do Brasil no seguimento e foi contratada para produzir a nova versão da Juquinha

A fabricante fez adaptações em parte de seu maquinário para manter o formato quadrado da bala, único no país. As embalagens também ganharam cores mais vivas e um personagem mais esbelto, voltado à saúde e ao esporte.

Encerramento da produção
Exportada para pelo menos 60 países, a bala Juquinha teve sua produção suspensa em maio deste ano, quando as portas da empresa, em Santo André (SP), foram fechadas. O motivo do encerramento da produção da primeira bala mastigável do país seria a falta de interesse dos filhos do criador, o italiano Giulio Luigi Sofio, de 77 anos. Quando procurado pela imprensa, o italiano não quis comentar sobre o negócio, adquirido por ele do português Carlos Maia, em 1982.

Fórmula secreta
A empresa “Balas Juquinha Indústria e Comércio Ltda” foi fundada em 1945, mas com outra razão social: Salvador Pescuma Russo & Cia Ltda. No início, dedicava-se apenas à fabricação de refresco em pó efervescente. Cinco anos depois, a empresa começou a fabricar balas mastigáveis. Pouco depois, a doce e macia Juquinha virou febre no país, conquistando rapidamente o mercado.

O sucesso foi ampliado ainda mais com Giulio Sofio na direção do empreendimento, comprado através de um simples anúncio no jornal, colocado por Carlos Maia, que, em 1979, atolado em dívidas, acabou vendendo para o italiano, a receita mágica, que deu origem a outros sabores como uva, abacaxi e coco.

Um antigo funcionário contou ao “O Dia” que muitos tentaram descobrir a composição da fórmula. “Muitos ‘espiões’ foram descobertos e mandados embora ao longo dos 30 anos. O segredo sempre foi o principal pilar de sobrevivência da empresa”, diz o ex-funcionário de 56 anos, que não quis se identificar.

O auge das vendas ocorreu em meados da década de 90, quando, durante o então Plano Real, as balas Juquinha viraram troco nos supermercados, bares e restaurantes. “Naquela ocasião faturei três vezes mais que agora”, disse Giulio, em entrevista a uma revista de economia em 2005.

Desde então, o faturamento da fábrica caiu para R$ 8 milhões, passando sua produção de 600 toneladas por mês para menos de 100 toneladas, registrando fortes quedas através dos anos. Em abril deste ano, conforme testemunhas, somente 18 pessoas operavam a linha de produção, que tinha modernos maquinários. Metade das balas era destinada ao mercado externo.

Segundo especialistas, a queda é atribuída, em grande parte, a dois fatores: a falta de interesse dos descendentes de Giulio para tocar os negócios no ramo e a competitividade no mercado.

“A clandestinidade no setor atualmente alcança mais da metade da produção de balas, pirulitos e doces em geral”, diz o economista Jaiber Assumpção, acrescentando que esses produtos ditos clandestinos são 40% mais baratos que os originais, o que dificulta a competitividade mesmo que estes sejam de procedência duvidosa.

“Os fabricantes informais não pagam impostos e por isso assumem cada vez mais a liderança de vendas no setor”, justifica o economista.

Apesar disso, é esperado que os novos donos da marca alavanquem as vendas por intermédio de forte orçamento, destinado a ampliar variedades dos produtos “Juquinha”, além de investimento com publicidade, e assim retomar as exportações da bala mais famosa do país.

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