O número de nascimentos no Japão não deve chegar a 900 mil este ano, o que marca seu nível mais baixo desde 1874, quando a população japonesa era 70% menor que os atuais 124 milhões, excluindo estrangeiros, informou o Governo japonês em um relatório divulgado esta semana, ressaltando o tétrico descenso de uma população cada vez mais envelhecida.
O relatório do Ministério da Saúde e Bem-Estar prevê o nascimento de aproximadamente 890 mil crianças até o fim deste ano, ou seja, até 31 de dezembro. A estimativa é que o Japão tem 512 mil pessoas a manos neste ano do que no ano passado, diz o relatório.
De acordo com os dados apresentados, o Japão enfrenta uma queda na taxa natalidade pelo 12º ano consecutivo.
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Enquanto isso, o número de mortes no país está aumentando, devendo chegar a 1,4 milhão até o final de 2019. Este é o nível mais alto desde o registrado no período da Segunda Guerra Mundial.
Aperto demográfico
Essa diferença entre nascimentos e mortes coloca o Japão em um sério aperto demográfico. À medida que o número de nascimentos diminui, há menos jovens entrando em sua força de trabalho.
Isso significa que menos pessoas substituem os trabalhadores aposentados e os apoiam à medida que envelhecem, situação que representa uma séria ameaça à vitalidade econômica do Japão e à segurança de sua rede de segurança social.
O Japão não é o único país a lidar com uma sociedade em contração. Não é, nem mesmo, a nação com a menor taxa de natalidade – esse título vai para a Coreia do Sul.
Outros países – incluindo China e Estados Unidos – também enfrentam taxas de natalidade em declínio, o que pode significar problemas no futuro. Mas no Japão, quase 28% de seus residentes têm mais de 65 anos.
O país teve algum tempo para lidar com os efeitos de sua população em declínio – ele está diminuindo constantemente desde 2007. Naquele ano, a população do país foi reduzida em 18 mil pessoas.
Desde então, as perdas aceleraram, ultrapassando a marca de meio milhão este ano pela primeira vez na história do país, onde vilas inteiras estão desaparecendo por conta do êxodo rural, em vista que os jovens optam por se mudar para as áreas urbanas em busca de emprego.
Estimativa de descenso população cresce
O governo japonês estima que a população possa encolher cerca de 16 milhões de pessoas até 2025, o que representa um descenso de quase 13% da população atual.
Em resposta, o governo tem implementado medidas para aumentar sua taxa de fertilidade – o número médio de nascimentos por mulher – de seu nível atual de 1,4 para uma meta de 1,8, ainda aquém dos 2,1 considerados necessários para manter a população estável.
O governo passou a incentivar os nascimentos, aumentando os incentivos para os pais terem mais filhos e reduzindo os obstáculos que podem desencorajar aqueles que desejam.
Mas os incentivos estão se mostrando insuficientes à medida que mais pessoas no Japão estão adiando a gravidez – ou não têm filhos – para aproveitar as oportunidades econômicas ou porque se preocupam com a inexistência de oportunidades econômicas e sentem que não podem pagar pelos custos que envolvem criar uma criança.
Obstáculos seguem desanimadores
A demanda por creches no país ultrapassa em muito a oferta, dificultando às mulheres que trabalham fora conciliar carreiras e filhos. E os homens que desejam tirar proveito da generosa licença-paternidade do país muitos vezes podem se ver estigmatizados por uma crença cultural arraigada de que o lugar de um homem é no escritório, não em casa.
Além das preocupações do governo, o casamento está em declínio. O número de matrimônio caiu 3 mil em relação ao ano anterior, para 583 mil, de acordo com os dados divulgados na terça-feira, parte de um declínio acentuado na última década.
À medida que os nascimentos continuam a cair, o Japão tenta promover os robôs como um complemento à força de trabalho em queda.
Também se comprometeu a aceitar um número limitado de trabalhadores estrangeiros para lidar com trabalhos vitais, como cuidar de idosos. Este ano, o país começou a emitir mais de 250 mil vistos para os imigrantes que farão esse trabalho, um número ainda muito longe dos 500 mil desejados pelo governo.
Com informações do Estadão Internacional / Via The New York Times.
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