O Banco do Japão (BoJ, banco central japonês) surprendeu os mercados nesta sexta-feira (29) ao introduzir pela primeira vez, uma política de taxa de juros negativa, ampliando assim a sua já agressiva medida de estímulo monetário que visa reanimar a economia japonesa, atingida por uma inflação teimosamente baixa e mercados financeiros turbulentos em meio a desaceleração do crescimento global.
De acordo com a agência de notícias Reuters, as ações asiáticas saltaram, o iene caiu e os títulos soberanos avançaram depois que o Banco do Japão anunciou que vai cobrar por uma porção das reservas deixadas pelos bancos na instituição, uma política agressiva que teve como pioneiro o Banco Central Europeu (BCE).
A aprovação da medida pelos membros do BoJ foi acirrada, com cinco votos a favor e quatro contra. Segundo analistas, o modelo adotado pelo Japão se assemelha ao que é atualmente usado pela autoridade monetária da Suíça.
A partir de agora, a taxa de depósito que o banco central pagará para custodiar o dinheiro dos bancos comerciais será negativa em 0,1%. Isso valerá para o que exceder as reservas legalmente exigidas. A taxa que vinha sendo aplicada pelo banco central anteriormente era positiva em 0,1%, segundo explicou mais cedo o jornal financeiro ‘Valor Economico’.
A medida tem como objetivo forçar os bancos a emprestar e, assim, baixar os custos do crédito na ponta, para estimular a economia e assim buscar a meta de inflação estável em 2% desejada pelo governo do primeiro-ministro ShinzoAbe, explicou o ‘Valor’ em sua publicação.
No comunicado, o banco central japonês alertou ainda que poderá aprofundar a taxa para baixo. “Vamos cortar os juros ainda mais em território negativo, se isso for considerado como necessário”.
Outra decisão desta sexta-feira foi antecipar o alcance dessa meta em seis meses, para o primeiro semestre do ano fiscal de 2017, a terceira mudança de prazo em um ano. A justificativa é que a queda dos preços do petróleo está dificultando o alcance da meta, conforme noticiou o ‘Valor’ citando a agência ‘Dow Jones Newswires’ como fonte.
O BC japonês também decidiu manter inalterado o seu programa de compra de ativos ao ritmo de 80 trilhões de ienes (US$ 673 bilhões) por ano. O conselho de política monetária da instituição votou a favor dessa decisão por oito votos a um.
A decisão do BoJ ocorre um dia após o ministro da Economia do Japão, Akira Amari, apresentar sua demissão do cargo para assumir a responsabilidade pelas alegações de que ele e seus assessores receberam suborno de uma empresa de construção.
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