Atualizado em 01/11/2017
O secretário-chefe do Gabinete e porta-voz do governo do Japão, Yoshihide Suga, elogiou a decisão da Unesco de adiar o tombamento de documentos relacionados com as chamadas mulheres de conforto, nome conferido às vítimas de abusos sexuais cometidos pelo exército imperial japonês entre 1930 e 1945.
Falando a imprensa nesta terça-feira (31), Suga disse que o “Japão continua se empenhando para garantir que o programa da Unesco promova a amizade e o entendimento mútuo entre os estados-membros da ONU”, disse ele, ressaltando que “esta é a intenção original da agência denominada Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, ou seja, Unesco”, detalha a emissora pública ‘NHK’.
O secretário-chefe observou ainda que uma resolução exortando estados-membros a evitar o aumento da tensão política fora aprovada por unanimidade em outubro pelo comitê executivo da Unesco. Segundo Suga, a decisão de segunda-feira mostra que a agência agiu de acordo com o determinado na resolução.
Ainda de acordo com a ‘NHK’. Suga acrescentou que o Japão, enquanto estado-membro responsável, vai continuar a apoiar programas da Unesco, uma declaração que ocorre após o governo de Tóquio suspender no ano passado sua contribuição financeira anual à agência – Japão é um dos maiores contribuintes da Unesco, fornecendo uma ajuda anual de 4,4 bilhões de ienes, em média.
Enquanto isso, na Coreia do Sul, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Noh Kyu-duk, disse que Seul lamenta a recomendação do painel da Unesco, de acordo com a agência ‘Kyodo’.
Noh Kyu-duk reiterou que o governo sul-coreano apoia grupos da sociedade civil que se empenham para que a questão das mulheres de conforto seja conhecida por gerações futuras e para evitar a recorrência de tragédias semelhantes.
O porta-voz disse ainda que a Coreia do Sul vai continuar a dedicar esforços diplomáticos para que os documentos sobre as mulheres de conforto sejam avaliados de maneira objetiva e justa e, assim, tombados pela Unesco “como memória mundial”.
Mulheres de conforto
Mulheres de conforto é o eufemismo referente às vítimas de abusos sexuais cometidos pelas tropas japonesas do então Império Japonês no decorrer das décadas de 1930 até 1945, no final da Segunda Guerra Mundial.
Calcula-se que cerca de 200 mil meninas e adolescentes – a maioria coreana – foram vítimas desses abusos desde a década de 1930 e, sobretudo, no final da Segunda Guerra Mundial.
Pequim afirma que mais de 50 mil chinesas também também foram raptadas e forçadas a servir o exército japonês. O governo chinês mantém um museu memorial na cidade de Nanjing, no oeste do país, no qual guarda documentos históricos relacionados a mulheres de conforto, segundo matéria redigida por Karen Graham, do ‘Digital Journal’.
O conflito das escravas sexuais tem provocado frequentes atritos nas últimas décadas entre Coreia do Sul e Japão, e se transformou no principal empecilho em suas relações bilaterais.
O acordo assinado pelos dois países em 2015, que visava liquidar a questão por completo, contempla as desculpas oficiais do Japão e uma compensação econômica de 1 bilhão de ienes (R$ 27,49 milhões) para restaurar “a honra e a dignidade” das vítimas.
“O montante deve ser gasto em tratamentos médicos e assistenciais para as mulheres que estão envelhecendo”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, no final de julho do ano passado, acrescentando que, com o desembolso dos fundos, “o Japão teria cumprido suas obrigações estabelecidas no acordo bilateral”.
Do Mundo-Nipo
Fontes principais: NHK | Kyodo.
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