A disponibilidade de emprego no Japão caiu para o nível mais baixo em quase sete anos em setembro, com muitos retornando ao mercado de trabalho após uma retomada gradual da atividade econômica que foi desacelerada pela pandemia do coronavírus, mostraram dados do governo na sexta-feira, segundo a Kyodo News.
A relação entre oferta de emprego e candidatos piorou para 1,03 em setembro ante a taxa de 1,04 apurada em agosto, caindo pelo nono mês consecutivo e marcando o menor nível desde dezembro de 2013. A proporção significa que havia 103 vagas de emprego para cada 100 candidatos, de acordo com o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar Social do Japão.
Por outro lado, o nível de deterioração foi menos severo do que a retração de 0,04 em agosto. Já o índice de 0,12 em maio marca o maior declínio mensal em 46 anos, e foi registrado após o governo decretar estado de emergência no país em razão do crescimento da pandemia no início de abril.
Dados separados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações mostraram que a taxa de desemprego em setembro ficou em 3,0%, inalterada em relação a agosto, quando aumentou pelo segundo mês consecutivo.
Os resultados mostram que o forte golpe inicial da pandemia no mercado de trabalho japonês tem diminuído gradualmente, embora tenha permanecido em estado grave mesmo após o levantamento completo do estado de emergência no final de maio.
Desempregados e demitidos
O número de trabalhadores dispensados era de 5,97 milhões em abril, mas caiu para 1,97 milhão em setembro, ficando abaixo da marca de 2 milhões pela primeira vez em sete meses.
Em setembro, o número de pessoas desempregadas, antes do ajuste sazonal, aumentou 420.000 em relação ao ano anterior, para 2,10 milhões, marcando o oitavo mês consecutivo de alta.
Empregados
Por sua vez, o número de pessoas empregadas caiu em cerca de 790.000, situando-se em 66,89 milhões em setembro, o que representa o sexto mês consecutivo de baixa.
“A situação (de emprego) continua grave (em meio à pandemia), mas a taxa de desemprego está se mantendo”, disse um funcionário do ministério durante a divulgação dos dados.
Do total de pessoas com emprego e, setembro, 35,29 milhões eram trabalhadores regulares. O número reflete crescimento de 480.000 em relação ao ano anterior, e marca quatro meses seguidos de crescimento.
Ainda em comparação com total de empregados, 20,79 milhões eram empregados não regulares, o que representa descenso de 1,23 milhão na comparação anual e marca o sétimo mês consecutivo de queda.
Por indústria, o setor de serviços de hospedagem e de restaurante, uma das indústrias mais afetadas pela pandemia, viu uma queda maior no número de trabalhadores do que qualquer outra indústria, perdendo 480.000 ante o ano anterior e situando-se em 4,03 milhões. Já no setor manufatureiro, o número caiu 390 mil, para 10,29 milhões.
Apoio do governo ajudou o mercado de trabalho
Takuya Hoshino, economista do Dai-ichi Life Research Institute, disse que as medidas do governo para apoiar as operadoras de negócios, como subsídios para manter as pessoas no trabalho, têm sido eficazes até agora, deixando a taxa de desemprego menor do que inicialmente esperada quando o vírus começou a se espalhar no Japão.
“Em comparação com a crise financeira global (em 2008), as falências não aumentaram drasticamente graças à assistência financeira do governo, que permitiu às empresas reter trabalhadores”, disse Hoshino, acrescentando que “se as medidas forem reduzidas ou retiradas, a situação pode piorar novamente”.
Ainda de acordo com o economista, a pressão sobre as empresas para que reduzam sua força de trabalho continuará, já que “a condição econômica do país ainda não voltou aos níveis anteriores à pandemia”.
“A lenta deterioração dos números pode se arrastar por algum tempo no Japão”, alertou.
Mundo-Nipo (MN)
Fonte principal: Kyodo News.
Atualizado em 04/11/2020.
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