O wasabi (wasabia japônica) e a raiz forte (armoracia rusticana) são produtos parecidos e, ao mesmo tempo, diferentes. A pasta verde comumente usada nos restaurantes ocidentais é uma mistura de raiz forte europeia com corante verde, enquanto o wasabi é uma raiz originária do Japão, mais doce e menos ardida do que a raiz forte, além de mais nobre. Porém, ambas raízes são altamente benéfica à saúde.
A raiz do wasabi requer condições muito específicas para crescer, como água de montanha corrente e fresca, nunca acima de 5º graus. Para atingir 10 centímetros e estar pronta para o consumo, são necessários três anos, segundo uma reportagem do By Food.
O que muitos ocidentais não sabem é que os restaurantes fora da região asiática colocam raiz forte nos sushis no lugar do verdadeiro wasabi. Isso porque o produto tem que ser consumido fresco e necessita de cuidados especiais para suportar uma viagem longa, salvo alguns poucos locais na Europa que cultivam o wasabi em condições favoráveis.
Contudo, há exportação do produto, que não é nada barata. Portanto, a maioria dos restaurantes no ocidente usa a raiz forte, o que já virou uma cultura, de acordo com a chef Mari Hirata que, infelizmente, faleceu em maio de 2021, ao 61 anos.
Benefícios à saúde
Desde tempos antigos, o wasabi, ou raiz-forte japonesa selvagem, era utilizada na Ásia como planta medicinal para tratar problemas das vias respiratórias de modo geral. Além disso, os japoneses também usam essa raiz como antídoto para envenenamentos por ingestão de alimentos.
Mediante isso, passou a ser servido com peixe cru desde a Era Nara (710-793) como antioxidante e prevenção aos males provocados pelo consumo de possíveis peixes estragados, o que era comum ocorrer em viagens longas na época. Por isso, os japoneses não abrem mão do wasabi ao consumir sushis e sashimis até os dias atuais.
É comum a indicação fitoterápica do consumo de wasabi para pessoas com alergia respiratória ou rinite alérgica devido a suas propriedades descongestionante e expectorante.
Semelhanças
O wasabi e raiz forte têm uma composição análoga, que também ocorre na mostarda. Essa composição dá o sabor ardido e as propriedades curativas destas plantas, isso ocorre quando as células se rompem e as enzimas geram um composto ardido e volátil, o alil-isotiocianato, ou óleo de mostarda, que é irritante para as mucosas do nariz, garganta e olhos, causando intenso lacrimejar e, consequentemente, potencializando a expectoração.
Acredita-se que o wasabi também previne cáries dentárias, problemas digestivos e hepáticos. A planta possui ainda ação antimicrobiana, anti-inflamatória, depurativa e anticancerígena, o que a faz ser muito usada no Japão e na Nova Zelândia, onde também há cultivos e tradições.
Alguns pesquisadores afirmam que tanto a raiz forte como o wasabi possuem propriedades anticoagulantes, tornando-as um potente remédio natural contra problemas vasculares.
A raiz forte europeia, também chamada de rábano-silvestre e rabano europeu, é rica em potássio, cálcio, magnésio e fósforo, bem como óleos voláteis diversos. A raiz também é riquíssima em vitamina C. Além disso, ela contém a enzima peroxidase, que é usada no teste Elisa para detecção de anticorpos da Aids, doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês).
Cuidados com ambas plantas
Contam que o wasabi em pasta ou em pó, que é comumente encontrado nos supermercados, é um preparado de raiz forte (rábano europeu) com mostarda, entre outro componentes, para que não se perca seu efeito ardido, mas saboroso.
Acontece que a raiz forte, sem o vinagre ou o limão, fica sem gosto, perde em 15 minutos seu ardido, parecendo um nabo ralado sem nada que chame a atenção, o mesmo acontece com o wasabi ralado.
Qualquer uma das plantas que conhecemos como raiz forte devem ser usadas frescas, uma vez que o alil-isotiocianato perde sua eficácia em poucos minutos. É por isso que a raiz forte japonesa é ralada na hora de ser servida –com uma lixa super fina, de preferência de pele de tubarão, conforme no Japão–, enquanto a raiz forte europeia é tratada com vinagre ou limão, impedindo assim a degradação do alil-isotiocianato e seu efeito ardido, curativo e protetor.
== Mundo-Nipo (MN)
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