Atualizado em 09/06/2024
Quem está familiarizado com a tradição e a cultura japonesa sabe que os habitantes mais supersticiosos deste país normalmente não gostam do número 4 e muito menos do número 9. Ambos números estão associados ao azar e, por isso, não é de todo incomum que sejam omitidos em certos espaços, principalmente em hotéis e hospitais.
Superstições com números são transversais a quase todas as culturas. O número 7, por exemplo, é visto em muitas partes do mundo ocidental como o número da sorte, numa tradição que já vem pelo menos desde a Antiguidade Grega.
Ao longo do tempo, o 7 acabou por ser sempre associado a coisas positivas e tornou-se também uma referência enquanto unidade (7 dias da semana, 7 cores no arco-íris, 7 maravilhas do mundo, etc.), o que acabou por contribuir para que esta crença se prolongasse durante vários séculos, até aos dias de hoje.
Por outro lado, o número 13 é quase universalmente reconhecido como o número do azar, sendo que até há um nome para denominar o medo irracional por este número: triscaidecafobia.
Apesar de não se saber ao certo de onde vem esta associação, há várias teorias para explica-la, sendo que a mais forte parece ser o fato de Judas ter sido a 13ª pessoa a chegar à Última Ceia.
E no Japão, qual a origem do temor dos números 4 e 9? A resposta é simples: está relacionado com a fonética.
Número 4
O número 4 pode ser pronunciado como shi, o que faz com que tenha uma fonética idêntica à da palavra japonesa que significa morte. Essa similaridade com um termo com uma carga negativa tão forte fez com que o número fosse mal visto e passasse a ser evitado em certos contextos.
Curiosamente, isso faz com que o número 43 possa ter um significado parecido com natimorto (aquele que nasce morto): shizan = morte ou morrer + parto. Por isso, não é de se estranhar que certas maternidades japonesas não tenham o quarto número 43.
Essa semelhança fonética fez ainda com que as pessoas preferissem por pronunciar o número 4 como yon, de forma a fazer uma distinção clara.
Nos elevadores de hospitais e hotéis não há o número 4, algo como se não existisse o quarto andar. No painel dos elevadores, logo após o número três vem o 3A ou simplesmente 5 aparece logo após o 3.
Número 9
Por sua vez, o número 9 pode ser pronunciado ku, que tem uma sonoridade bastante semelhante à palavra japonesa utilizada com o sentido de sofrimento. A lógica por trás da associação do 9 ao azar é exatamente a mesma, e a pronúncia alternativa kyu costuma ser preferida para evitar confusões e mal-entendidos.
Estes exemplos mostram a forma como as superstições podem estar intimamente relacionadas com a linguagem, sendo que, neste caso, essa ligação resulta de um fenômeno linguístico chamado homofonia – palavras homófonas são palavras que apesar de se escreverem de maneira diferente e de terem significados diferentes, são pronunciadas da mesma forma.
No caso específico da cultura japonesa, grande parte das superstições estão de fato relacionadas com fenômenos linguísticos de vários tipos.
De modo geral, os números quatro e nove são amplamente evitados, principalmente, em elevadores e em placas de automóveis. Além disso, pais supersticiosos mudam a data de nascimento dos filhos que nascem no dia quatro.
Outras superstições
Manekineko (Gato que acena)
Comumente chamado de Gato da sorte e Gato do dinheiro, Manekineko é uma figura bastante popular no Japão e em vários outros países asiáticos. Trata-se da escultura de um gato com uma pata levantada – como se estivesse a acenar – que geralmente é colocada na entrada de lojas e restaurantes. Acredita-se que estas pequenas figuras atraiam dinheiro e clientes.
Nome escrito em vermelho
Os japoneses evitam escrever seu nome ou o nome de outras pessoas com tinta vermelha. Isso porque, quando uma pessoa casada morre antes do seu cônjuge, o nome do cônjuge vivo também pode ser gravado na lápide com as letras pintadas de vermelho. Essa é uma forma de poupar custos, uma vez que só é necessário gravar os nomes uma vez. Assim, quando o segundo cônjuge morrer e for enterrado, basta remover a tinta vermelha da lápide.
Aranhas
Dependendo do momento do dia, ver uma aranha pode ser tanto sinal de sorte como de azar. De manhã, as aranhas são sinal de fortuna e devem ser mantidas vivas. À noite, é exatamente o oposto: são sinônimo de azar e os japoneses costumam matá-las.
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