Atualizado em 30/03/2023
No mundo, são poucas as culinárias nacionais que apresentam uma combinação de ingredientes, sabores e textura como a culinária japonesa. Não por acaso, seus pratos são reverenciados em diversos países que apresentam facetas multiculturais, a exemplo do Brasil e dos Estados Unidos.
No entanto, a gastronomia de uma nação não é determinada somente pela degustação de seus pratos tradicionais, ela também carrega consigo um contexto histórico rico e relevante que, de certa forma, nos ajuda a compreender melhor as características de um povo.
Logo, a comida japonesa, por ser uma manifestação cultural milenar, acaba nos propiciando uma série de curiosidades que muitas pessoas talvez não saibam. Desse modo, vamos partir para esse campo e explorar um pouco dessa história.
Comer carne vermelha já foi proibido por vários séculos no Japão
Para alguns pode soar como algo surpreendente, mas é fato que, durante mais de mil anos, desde o período Nara (710 a 794) até o início da Era Meiji (1868 a 1912), o consumo de carne vermelha foi considerado um tabu em solo japonês.
Historicamente o Japão, por razões culturais e também por ser uma nação composta de ilhas, sempre baseou a sua culinária em frutos do mar e peixes como alimentos básicos fundamentais. Mas, dentre vários motivos, uma das principais razões que fez com que o consumo de carne vermelha fosse colocado em xeque durante tanto tempo estava relacionada com os ideais dos monges locais, que acreditavam que a carne “destruía a alma do povo”.
Além disso, a criação ampla de animais exigia alguns recursos que agricultores japoneses da época não tinham, pois além do fato do país ser de característica insular, geralmente eles trabalhavam em regiões montanhosas que não favoreciam muito a prática.
O fim da proibição ocorreu em 1868, por ordem do Imperador Meiji (1852-1912), responsável por liderar a histórica Revolução Meiji. Esse período da história japonesa não impactou somente na liberação do consumo de carne vermelha no país, mas também em aspectos culturais, sociais e econômicos.
Origem do sushi: entenda seu contexto histórico
Embora o Japão seja certamente a capital mundial do sushi, essa iguaria tão amada pelos brasileiros não tem sua origem “inicial” na Terra do Sol Nascente.
Pois bem, para muitos historiadores, sua primeira versão nasceu no sudeste asiático, em uma região próxima da Tailândia e da Malásia, no século IV a.C.. Sendo que, naquela época, o arroz era fermentado apenas para conservar o peixe fresco por mais tempo e depois era jogado fora, ou seja, não era próprio para o consumo.
Ao longo dos anos, a técnica de preparação do prato passou por algumas modificações e ganhou a sua forma aprimorada no Japão, no século XIX. Foi o cozinheiro japonês Hanaya Yohei (1799-1858) que criou o sushi feito à mão, como conhecemos atualmente, colocando o peixe cru em cima de bolinhos de arroz com vinagre e demais ingredientes para ambos serem consumido simultaneamente.
Hoje, obviamente, ele tem diversas variações e combinações espalhadas pelo mundo, como a exemplo do famoso sushi norte-americano California Roll, uma versão de sushi enrolado que foi criado pelo chef de cozinha japonês Hidekazu Tojo, em 1971.
Na época, Hidekazu trabalhava em um restaurante de Vancouver, no Canadá, e percebeu que os norte-americanos não eram muito fãs do sushi original. Foi aí que ele teve a ideia de adicionar ingredientes que a cultura ocidental é mais familiarizada, como abacate, caranguejo cozido e pepino, dando origem ao sushi California Roll.
A estratégia deu muito certo e foi questão de tempo para que a comida idealizada por Hidekazu ganhasse notoriedade no ocidente. Tanto é que, nas últimas décadas, o sushi se tornou muito mais do que uma iguaria culinária e passou a fazer parte da cultura pop ocidental na forma de entretenimento.
Podemos exemplificar dois setores distintos em que o sushi está presente como pano de fundo na internet: no segmento audiovisual, como no filme “Sushi A La Mexicana” (2015) — produção disponível na Netflix que narra a trajetória de uma profissional talentosa obstinada em ser uma chef de sushi reconhecida —, e no segmento de jogos, incluindo jogos caça-níqueis online, como o “So Much Sushi – Online Slot” na Betway, que exibe diferentes símbolos e ingredientes característicos desse prato icônico.
O mais interessante é que em ambos os entretenimentos citados, apesar de serem em contextos completamente diferentes, o prato é culturalmente retratado em aspecto valoroso, indo além de sua relevância gastronômica.
Culinária japonesa é reconhecida pela UNESCO
A gastronomia japonesa é uma das poucas culinárias asiáticas reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Segundo o órgão, a culinária do Japão foi listada como Patrimônio Cultural da Humanidade em razão de sua “representatividade cultural a nível global”.
Esse fato se concretizou em 2013, quando a UNESCO finalmente reconheceu a gastronomia da Terra do Sol Nascente como vital para a manutenção da cultura tradicional de seu povo.
De fato, para os japoneses, a comida é muito mais que a arte de preparar e consumir alimentos saudáveis, pois tradicionalmente a culinária local também tem a função de promover a convivência entre as pessoas, sendo um agente importante na promoção da felicidade.
Por fim, é válido ressaltar que a comida japonesa foi o 22º bem cultural nacional a ser adicionado na lista do patrimônio da UNESCO. A lista inclui várias manifestações artísticas, com destaque para três estilos teatrais muito importantes no Japão: Noh, Kabuki e Bunraku.