Atualizado em 09/01/2024
Toda pessoa que mora em um país estrangeiro está sujeita a passar por situações embaraçosas. Há ainda aquelas que se envolvem em situações em que não há como escapar de verdadeiros vexames. Cultura local e hábitos distintos, produtos diferentes e até palavras semelhantes, mas que têm outros significados, podem resultar em confusão e levar um estrangeiro a cometer os mais variados tipos de gafes.
Muitas dessas situações embaraçosas são retratadas no livro “Sem Gafes”, da IPC World (International Press), do qual o Ciate (Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior) extraiu alguns relatos de japoneses e brasileiros que passaram por situações embaraçosas enquanto residiam no Brasil ou no Japão. O Mundo-Nipo teve acesso ao livro e resolveu listar os relatos que achou mais “engraçados”.
5 situações embaraçosas de brasileiros no Japão:
1 Agradecendo a uma gravação automática
Os japoneses são referência na arte de receber. Quando alguém mal pisa na porta de entrada já ouve: “Irasshaimase!” (“Bem-vindo!”). Nas grandes lojas, a recepção é sempre feita por uma voz feminina, que entoa com delicadeza a palavra “Irasshaimase!”.
Querendo ser simpáticos com tanta cortesia e doçura, alguns brasileiros, recém-chegados, inclinam a cabeça em sinal de agradecimento e respeito. Mas para quem? Só então depois é que cai a ficha, pois a porta é automática e a recepção é feita por uma gravação.
2 Achava que falava bem o idioma local
Por saber falar bem o japonês, a funcionária brasileira foi convidada a deixar a linha de montagem de eletrônicos para trabalhar no escritório.
Certo dia, ela atendeu o telefone e a pessoa do outro lado da linha perguntou: “Shachoo wa irasshaimasuka?” (“O presidente está?”) Ela respondeu que não, informando que ele estava viajando. “Myoonichi wa irasshaimasuka?”, voltou a perguntar a pessoa.
A nova funcionária não hesitou e anunciou pelo alto-falante: “Myoonichi-san, Myoonichi-san, odenwa ga haitte orimasu” (“Sr. Myoonichi, Sr. Myoonichi, favor atender o telefone”). Os trabalhadores japoneses se contorceram de tanto rir. Isso porque “myoonichi” significa “amanhã” na forma polida da língua japonesa.
3 Abastecendo o carro novo
Feliz da vida por ter conseguido comprar seu tão sonhado carro no Japão, o brasileiro reuniu os amigos e foi dar um passeio. Rodaram o dia inteiro, para lá e para cá. Mas, no final do dia, viu que o ponteiro do marcador de combustível estava na reserva.
O brasileiro então parou no primeiro posto para encher o tanque e o frentista perguntou: “Genkin desuka” (“Vai pagar em dinheiro?”). COm um largo sorriso, o brasileiro disse: “Hai, genki desu” (“Sim, estou bem”). COmo resultado, o brasileiro confundiu “genkin” (dinheiro) com “genki” (tudo bem).
4 Experimentando roupa em loja
Na loja de departamento, o brasileiro pegou uma calça e foi direto ao provador para experimentá-la. Logo ouviu alguém falando alguma coisa por trás dele, mas como não entendia o idioma, limitou-se a sorrir. Momentos depois, quando ia fechar a cortina, a atendente segurou o pano e passou a apontar para os pés dele.
No começo achou que ela se referia ao comprimento da calça. “Daijobu, daijobu” (“Tudo bem, tudo bem”), dizia a atendente. Foi aí que ela agachou-se e literalmente arrancou os sapatos dos pés dele. Só então o brasileiro entendeu que a “lei dos sapatos” vigora também em provadores.
5 Abastecendo o carro com gasolina especial
Dois anos depois de chegar ao Japão, o brasileiro comprou o seu primeiro carro. Logo aprendeu que gasolina especial, em japonês, se diz “haioku”, e saiu esnobando de posto em posto, toda vez que ia abastecer o carro.
Só que ele não entendia o motivo de, sempre que ia pôr gasolina, todos os frentistas corriam para encher o tanque, limpar os vidros, cobrar a conta e devolver o troco tão rapidamente. Até um belo dia descobrir que, ao invés de dizer “Haioku kudasai” (“Gasolina especial, por favor”), andava dizendo “Hayaku kudasai” (“Depressa, por favor”).
5 situações embaraçosas de japoneses no Brasil:
1 “Koko” no taxi em São Paulo
Foi um vexame a primeira vez em que Kenji precisou tomar um táxi em São Paulo. Com a intenção de ir à casa de um amigo, o japonês entrou em um, disse o endereço ao motorista, mas não se lembrava do número do edifício, pois sempre tinha ido acompanhado de outra pessoa e nunca prestara atenção. Sabia (pensava que sabia) como era a fachada do prédio.
O carro percorreu uma vez toda a rua, com Kenji sempre atento, mas ele não conseguiu lembrar qual era o edifício. O taxista deu mais uma volta, um pouco mais devagar, e Kenji, por mais que olhasse, não conseguia reconhecer o prédio. Então, até que na terceira vez ele pediu ao taxista para ir ainda mais devagar.
Entretanto, motoristas em outros carros atrás do táxi, irritados, buzinavam e reclamavam. O taxista também começou a ficar estressado. Foi aí que Kenji bateu no ombro dele e gritou: ”Koko, koko!” (“Aqui, aqui!”). Apavorado, o taxista perdeu a paciência e mandou a bronca: “Senhor, ainda mais essa e aqui no meu táxi?”, disse ele achando que Kenji estava prestes a fazer suas necessidades no banco de trás do taxi.
2 Ken atende o telefone
Atender o telefone era sempre estressante para Ken. Ao tocar o telefone, o japonês pegava o aparelho e dizia: “Alo”. A pessoa do outro lado da linha respondia: “Alô, quem está falando?”. O japonês então respondia: “Aqui é Ken”. Confusa, a pessoa perguntava: “Mas quem?”. Isso ocorria constantemente com o japonês, que sempre tinha de explicar a mesma coisa.
Situação mais embaraçosa foi quando Ken começou a trabalhar em um pequeno escritório. Um dia, a mãe precisou ligar para ele. “Dá pra chamar Ken, por favor?”, pediu ela ao telefone, com um sotaque japonês bastante carregado.
A atendente, que tinha acabado de entrar, não entendeu nada. “Chamar quem, minha senhora?”, perguntou ela. “Sim, Ken…”, disse a mãe do japonês. A atendente, achando que era um trote, já ia desligar quando Ken apareceu. “Oi, eu sou Ken”, se apresentou ele a atendente que, por sua vez, achou que estivesse ficando maluca. “E eu é que vou saber quem você é?”, resmungou ela.
3 Bolsista japonesa entope sanitário
Jogar papel higiênico no vaso sanitário é uma ação muito comum no Japão. Isso porque estes são fabricados com esse propósito, geralmente são biodegradáveis.
Ao usar pela primeira vez o banheiro de um alojamento em São Paulo, a bolsista japonesa nem pensou duas vezes quando teve de ir ao banheiro pela primeira vez. Mandou o papel no vaso e deu descarga. Mas, por infelicidade, o sanitário entupiu e a água transbordou, fazendo com que o piso ficasse alagado.
Tempos depois é que a jovem japonesa ficou inteirada sobre a finalidade do cesto de plástico que ficou boiando durante a “inundação” quando usou o sanitário do alojamento pela primeira vez.
4 Remédio que “iKura” gripe
O japonês foi até a farmácia e pediu alguns remédios para um início de gripe. O atendente passou-lhe dois tipos de comprimido e um xarope. O japonês olhou tudo aquilo sobre o balcão e perguntou: “Ikura?” (Quanto é?”). O atendente então lhe respondeu “Cura sim, meu senhor, eu garanto”.
5 Encontro “desencontrado”
Um estagiário chega ao Brasil e marca encontro com um colega brasileiro. “Espero você no primeiro andar”, respondeu o brasileiro. Passaram 10 minutos, meia hora, 1 hora e nada de o amigo aparecer. Estranhou porque atrasos não fazem parte do costume japonês.
Desistiu e foi embora. À noite, ao ligar para saber o que havia acontecido, tudo ficou esclarecido. Enquanto o estagiário estava no térreo (que para o japonês é o primeiro piso), o brasileiro o aguardava no primeiro andar (segundo piso para os japoneses).
Por Maria Rosa – Mundo-Nipo (MN)
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