Do Mundo-Nipo
O jovem Yuzuru Hanyu caiu por duas vezes durante sua apresentação no programa livre da patinação artística, na sexta-feira (14), nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi. Entretanto, sua apresentação deslumbrante no dia anterior, no programa curto de quinta-feira (13), lhe valeu uma pontuação tão alta que mesmo com as quedas conquistou a primeira medalha de ouro do Japão.
Com apenas 19 anos, o jovem Hanyu impressionou o mundo com uma “apresentação perfeita” na quinta-feira. Ele foi o primeiro homem a conseguir uma nota acima dos 100 pontos num programa curto, cravando 101,45 e quebrando o recorde anterior, que também era seu.
Somando os programas curto e livre, Hanyu terminou a competição com 208,09 pontos, cinco a mais que o segundo colocado, o canadense Patrick Chan, que é tricampeão mundial.
Segundo o jornal The Asahi Shimbun, o segredo da “apresentação épica” no programa curto teria sido porque Hanyu se apresentou sem pensar em medalhas e sim em fazer não só o seu melhor como também patinar de modo espontâneo, sem preocupações, apenas “fazer o que ama fazer”.
A agência Kyodo citou que após sua participação de quinta-feira, Hanyu teria dito que não estava preocupado com o pódio e sim em fazer uma boa apresentação.
“Eu não estou sequer pensando sobre a cor da medalha”, disse o jovem patinador. “Estou apenas concentrado em cada prática e em realmente fazer tudo o que posso fazer, mas de modo divertido”, afirmou ele á reportes.
Quando questionado sobre o nervosismo, Hanyu respondeu que não se sentia nervoso. “Eu estou apenas praticando muito aqui em Sochi. Não estou me sentindo mal por qualquer motivo”, concluiu o campeão olímpico.
Entretanto, depois da conquista do ouro, o jovem confessou que a expectativa de dar o primeiro ouro ao seu país o deixou nervoso. “Estou muito orgulhoso deste feito como um japonês. Mas não se pode prever nada durante uma competição em Olimpíadas. Eu nunca estive tão nervoso em uma competição em toda a minha vida. Estou chateado com o desempenho que tive [no programa livre], mas dei tudo o que tinha em minha apresentação”, disse o novo herói do Japão.
A apresentação deslumbrante de Hanyu ficará, com certeza, guardada na memória de todos e servirá como parâmetro para as próximas competições de patinação artística.
Terremoto de 2011 quase tirou Hanyu da patinação
Uma viagem que quase acabou há três anos, quando Yuzuru Hanyu, ainda com 16 anos, assistiu com horror como o gelo rachou sob suas lâminas e o chão tremeu violentamente, culminou no triunfo glorioso a 8 mil quilômetros de distância nos Jogos Olímpicos de Sochi, no dia 14 de fevereiro.
O terremoto de 9 graus de magnitude, perto de sua casa, na cidade de Sendai, que aconteceu no dia 11 de março de 2011, não só destruiu a sua área de formação, mas também desencadeou um enorme tsunami que culminou num desastre nuclear, tirando quase 20 mil vidas após devastar grande parte do nordeste japonês.
Com lembranças do dia em que estava treinando e que teve de rastejar sobre o gelo rachado para fugir do prédio em ruínas ainda frescas, Hanyu disse que pensou em desistir dos sonhos que o levaram a se tornar o primeiro japonês a ganhar o título olímpico da patinação artística masculina.
“É muito difícil falar sobre esse assunto”, disse Hanyu, que se tornou o segundo homem mais jovem depois de Dick Button, em 1948, a conquistar o prêmio máximo de patinação em uma olimpíada.
“Eu perdi a minha pista de patinação por causa do terremoto. Eu estava literalmente lutando para viver naquela época. Realmente pensei em desistir da patinação”, disse ele.
Suas aspirações olímpicas pareciam estar a um milhão de quilômetros de distância, pois com a casa destruída, sua família procurou abrigo em um ginásio, onde dormiam ombro a ombro no chão por vários dias entre dezenas de outras tantas pessoas que perderam os seus lares.
Quando os tubos de água sob a pista explodiu e o gelo derreteu, parecia que sua carreira de patinação também tinha sido lavada.
Porém, cerca de 10 dias depois da tragédia, lá estava Hanyu de volta a pista de gelo, perto de Tóquio, onde ele havia treinado na escola primária, alternando com uma viagem de três horas de carro ao norte de sua casa. Preocupações sobre a radiação e onde ele iria estudar permaneceram por algum tempo.
Para conseguir ficar mais tempo no gelo, Hanyu apareceu em cerca de 60 shows ao redor do país até a pista em que treinava ser finalmente reparada, em julho de 2011.
“Eu acho que o meu serviço a todos aqueles que foram afetados pelo terremoto começa agora que sou um campeão olímpico”, disse Hanyu, que olhou por duas vezes nos telões dos bastidores do Iceberg Skating Palace assim que sua vitória foi confirmada.
“Eu tive o apoio de muitas pessoas para chegar até aqui, e quero pagá-los de alguma forma. Enquanto eu estava no topo do pódio, senti que carregava as esperanças de milhões e sinto-me ótimo sobre isso”, concluiu o jovem campeão Hanyu, “herói do Japão”.
(Do Mundo-Nipo com Rede NHK, Jornal The Asahi Shimbum e Agência Kyodo)
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