Naruhito, de 59 anos, assumiu oficialmente o trono do Japão na manhã desta quarta-feira (1), dando assim o início da Era Reiwa com seu novo imperador. A ascensão ao Trono do Crisântemo ocorre horas depois da abdicação de seu pai, Akihito, de 85 anos, que agora atende pelo título de “Imperador Emérito, juntamente com sua esposa, a Imperatriz Emérita Michiko. Esta foi a primeira vez que um monarca japonês deixou o trono em vida em dois séculos.
O novo imperador herdou a tradicional insígnia chamada Sanshu no Jingi na cerimônia denominada Kenji to Shokei no gi. Já a cerimônia oficial de entronização será em 22 de outubro, em um ato no Palácio Imperial, com a presença de milhares de convidados e delegações mundiais.
Na cerimônia nesta quarta-feira (1), Naruhito recebeu, além da insígnia, outros objetos imperiais, entre eles os lendários Três Tesouros Sagrados. A cerimônia Kenji to Shokei no gi teve apenas dez minutos de duração, com início às 10h30 (22h30 em Brasília), quando os camareiros colocaram os selos, a espada e a joia em mesas diante do novo imperador, como prova de sua legítima sucessão.
Os Três Tesouros Sagrados são intitulados como as “Insígnias do Império”. É dito que eles são heranças do Deus Susanoo e da Deusa Amaterasu, da qual é dito descender a Família Imperial Japonesa. Os três objetos são as Joias Magatama, o Espelho Kagami e a Espada Kusanagi Tsurugi.
Pela primeira vez na história moderna uma mulher compareceu à cerimônia, embora mulheres da realeza não possam participar – nem mesmo a antiga e a nova imperatriz puderam acompanhar. Tal honra coube a Satsuki Katayama, única ministra do gabinete do primeiro-ministro Shinzo Abe.
Apenas um pequeno grupo participou da solenidade, com integrantes da realeza masculina adulta e representantes dos três ramos do governo, incluindo o primeiro-ministro.
Diferente do pai, que usou um casaco leve ao se tornar imperador, em 1989, Naruhito vestiu um fraque ocidental durante a cerimônia.
Akihito abdicou do trono após 30 anos e cinco meses de reinado. Para poder deixar a posição ainda em vida, uma lei foi aprovada sob medida para ele.
Em 2016, o imperador manifestou publicamente seu desejo de abdicar, pois sentia que não conseguia mais “exercê-lo de corpo e alma”, devido à sua idade avançada e saúde em declínio.
No Japão, o imperador não governa — ele é o símbolo do Estado, conforme prevê a Constituição do país, em vigor desde 1947. O texto foi imposto aos japoneses pelos americanos durante a ocupação pós-Segunda Guerra Mundial.
Naruhito prometeu que seguirá “o curso” marcado pelo seu pai, Akihito, em suas primeiras palavras como novo imperador japonês.
“Ao ascender ao trono, juro que terei em profunda consideração o curso seguido por Sua Majestade o Imperador Emérito (Akihito)”, disse ele, que também se comprometeu “agir de acordo com a Constituição” e a ter sempre presente em seus pensamentos “o povo e respaldá-lo”.
Naruhito realizou um breve discurso diante de um reduzido número de convidados no Palácio Imperial. “Quando penso na grande responsabilidade que assumi, me enche um sentimento de solenidade”, disse o novo imperador, de 59 anos, no início de seu discurso, diante de 266 representantes políticos e institucionais e membros da família imperial.
Akihito “desempenhou cada uma de suas funções com honestidade por mais de 30 anos, rezando pela paz no mundo e pela felicidade das pessoas, compartilhando sempre as alegrias e tristezas das pessoas”, disse Naruhito. “Ele mostrou uma profunda compaixão através de seu próprio comportamento”, afirmou sobre seu pai.
O imperador concluiu seu discurso expressando seus desejos “pela felicidade do povo e continuidade no desenvolvimento da nação, bem como a paz no mundo”.
Respeito
O casal imperial é muito respeitado, o que tem muito a ver com a relativa proximidade que ambos conseguiram estabelecer com a população. A imperatriz Michiko tem uma “verdadeira adoração popular” e “o imperador soube conquistar afeição, por exemplo, ao apertar as mãos” de súditos, analisa Hideya Kawanishi, professor da Universidade de Nagoya.
Agora, como os recém-criados títulos de imperador e imperatriz eméritos, ambos cedem o Palácio Imperial a Naruhito e sua esposa, Masako, de 55 anos.
Naruhito deverá se tornar “símbolo do povo e da união da nação”, segundo a definição dada pela Constituição que entrou em vigor em 1947 e pela qual o imperador perdeu seu status de semidivindade.
Monarquia japonesa é a mais antiga do mundo em atividade
660 a.C
Começa a linhagem Imperial do Japão
1192-1868: Período Feudal
Japão enfrenta várias guerras civis. Em 1603 começa o Período Edo, quando o país é unificado e passa a ser governado por samurais. Época em que começa o Xogunato.
1868-1912: Era Meiji
O ano de 1868 marca o fim do Xogunato e o governo retorna à forma imperial, com o Imperador Meiji modernizando no país ao promover a chamada Revolução Meiji, que transformou a indústria do Japão.
1926-1989: Era Showa
O Imperador Hirohito foi o monarca que mais tempo governou o Japão. Com ele, o país participou da Segunda Guerra Mundial e ficou conhecido com a triste alcunha de ser o único país na história mundial atingido por ataque atômico. Além disso, a Era Showa também é marcada pela imposição de uma nova Constituição, após derrota na Segunda Guerra. Na época, um documento redigido pelos EUA e aliados proíbe o Japão de participar de guerras e dita que o imperador passa de “chefe” para “símbolo” de Estado, perdendo assim a governância do país.
1989-2019: Era Heisei
Morre o imperador Hirohito e começa o governo de seu filho, o imperador Akihito e, consequentemente, a Era Heisei, considerada a mais pacífica entre todas as eras do Japão.
2019: Era Reiwa
No dia 1º de abril de 2019 é revelado o nome da nova era japonesa. No mesmo mês, em 29 de abril, Akihito abdica do trono, alegando anteriormente problemas de saúde e idade avançada. Em 1º de maio de 2019, seu primogênito, Naruhito, torna-se o 126º imperador do Japão, dando início a Era Reiwa.
MN – Mundo-Nipo.com
Fontes: Portal G1 | Nikkei Asian | Kyodo News.
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